Através de um comunicado do Ministério das Finanças, o Governo anunciou que escolheu o BIC - um banco de capitais luso-angolanos - para negociar, em condições de exclusividade, a aquisição do BPN por 40 milhões de euros. O mesmo comunicado indica que foi efectuada uma prévia operação de recapitalização do banco no valor de 550 milhões de euros, o que é mais uma catástrofe financeira para os cofres públicos. Prevê-se que o BIC ficará apenas com 70% dos actuais balcões do BPN, que a marca BPN desapareça e que metade dos seus funcionários sejam despedidos, embora o Estado assuma os custos relativos à cessação dos vínculos laborais dos trabalhadores, num prazo máximo de 120 dias após as transmissões das acções. O Estado e o BIC têm agora 180 dias para fechar o negócio BPN, através da celebração do respectivo contrato.
Existia o compromisso de vender o BPN até 31 de Julho e a alternativa a esta solução era demasiado dolorosa – a liquidação do banco e o despedimento de 1580 pessoas. Talvez fosse a menos má e a que menos custaria aos contribuintes. Assim, a solução encontrada parece ter sido preparada para proporcionar uma boa compra a alguém e, por isso, no meu espírito estão por muitas coisas por esclarecer, como por exemplo:
Que responsabilidades já estão apuradas quanto ao desastre que foi o caso BPN? Está seriamente estudado se a sua nacionalização foi necessária? Esta venda ao BIC foi uma boa solução para os contribuintes portugueses que, desde a nacionalização do BPN, já gastaram cerca de 2,4 mil milhões de euros? Como foi calculado o preço de 40 milhões de euros para a venda do BPN? Porque razão foi aceite a proposta do BIC e foram rejeitadas as propostas do Montepio e do Núcleo Estratégico de Investidores (NEI), sendo que esta superava os 100 milhões de euros?
Os contribuintes merecem estas e outras explicações, que o comunicado do Ministério das Finanças não contempla.
De facto, há muita coisa por explicar neste imbróglio que tem sido o BPN!
Finalmente, cabe perguntar que punição tiveram ou terão os responsáveis pelo desastre BPN, muitos dos quais andam por aí ou estarão ainda dentro do Banco (à espera de serem indemnizados ou de serem absorvidos pela CGD), sem que lhe sejam pedidas responsabilidades criminais.
Demasiadas decisões muito pouco transparentes em tão pouco tempo: CGD, BPN, Estaleiros Navais de VC, etc. etc..
ResponderEliminarÉ a crise, é a crise! Os pobres que a paguem, como dizia um anmigo nosso, justificando: primeiro porque são muitos, depois porque já estão habituados (pelo menos a justificação percebe-se e não é de todo desprovida de lógica).
NCruz