Na sua edição de hoje o jornal Público destaca o tema das nomeações feitas nos primeiros meses de actividade governamental, comparando as nomeações feitas pelos últimos cinco governos - três do PSD e dois do PS.
O estudo verifica que em relação aos últimos cinco governos, o actual tem tido um comportamento que se enquadra no tradicional clientelismo português, isto é, fez mais nomeações que dois deles e menos do que os outros dois, significando que em termos de satisfação de clientelas tem havido um certo equilíbrio entre os partidos do poder, isto é, "comem todos do mesmo prato".
Porém, durante a dura campanha eleitoral realizada há poucos meses, acusou-se o anterior governo de clientelismo e assegurou-se ao país que, no futuro, haveria a moralização das nomeações para os cargos públicos e tudo seria diferente. Quase que se anunciava uma regeneração. Prometia-se a transparência, a competência e a decência.
Afinal foi tudo conversa. A prática clientelar deste governo não se alterou em relação ao passado e até se agravou, sobretudo nos cargos melhor remunerados e mais influentes. São as nomeações das mesmas pessoas de sempre, em muitos casos sem habilitação nem qualificação apropriada e com currículos que nada têm de relevante, para além da militância partidária. Parece um assalto. Pagam-se fidelidades partidárias. Ignoram-se conflitos de interesses. Como se tudo fosse uma quinta de uns tantos. Assim sucede na CGD, na EDP, na AdP e no mais que se vai sabendo. É o clientelismo puro e duro, que nos desgraça e nos destrói. Tudo isto é chocante quando, simultaneamente, se exigem sacrifícios aos portugueses, se empurram os jovens para a emigração, se não controla o desemprego, se assiste ao empobrecimento da população e a fragmentação social é uma ameaça.
É como se houvesse um país para eles e outro para nós. E isso é muito mau!
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