A ilha do Corvo é na Terra, não é na Lua. Esta frase proferida por Óscar Nunes, o antigo Cabo do Mar da ilha, numa entrevista dada em 1970 a um jornal, deu o título a um filme-documentário sobre a mais pequena ilha do arquipélago dos Açores.
A ilha é um enorme rochedo com cerca de 6 quilómetros de comprimento por 4 quilómetros de largura em pleno oceano Atlântico, com uma cratera de vulcão e uma única povoação com cerca de 450 pessoas. Até há cerca de trinta anos esteve frequentemente isolada e esquecida, mas com a construção da pista de aviação e, mais tarde, com a sua classificação como região ultra-periférica da União Europeia, a vida dos corvinos alterou-se substancialmente. Até começou a receber alguns turistas-aventureiros, como sucedeu em 2007 quando um operador de câmara e um técnico de som visitaram a ilha e se entusiasmaram com o que viram. Depois, durante quatro anos eles fizeram quatro viagens à ilha. Acompanharam a vida quotidiana dos corvinos. Recolheram imagens e sons dos mais diversos aspectos da ilha – a geografia, a fauna, a flora, a vila, a arquitectura e registaram muitos aspectos da sua paisagem social, das suas diversas actividades e falaram com as pessoas, com destaque para o emblemático corvino que é, desde há muitos anos, o meu amigo Óscar José Nunes.
Fizeram um filme que já foi premiado por júris qualificados.
Porém, o filme dura três longas e desnecessárias horas, com diversas sequências que nada acrescentam à narrativa, enquanto outros aspectos interessantes da vida da ilha são ignorados. Apesar disso, o filme é imperdível pela beleza das imagens e, para quem alguma vez visitou o Corvo, é um documento que permite revisitar a ilha e rever muitos dos seus encantos.
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