domingo, 26 de agosto de 2012

RTP: o atrevimento do assessor Borges

Aproxima-se o dia em que o governo se propõe desfazer-se da RTP, o que constitui uma decisão muito controversa, porque embora precisemos de uma televisão pública, não é desta que necessitamos. Nós precisamos de uma RTP, mas não desta RTP!
A RTP que temos é um poço sem fundo onde se enterram e desperdiçam milhões de euros provenientes dos nossos impostos e, além disso, é frequentemente um aborto de qualidade e um atentado à inteligência das pessoas. A situação arrasta-se desde há muitos anos, mas tem havido uma gravíssima cobardia das tutelas e das administrações que, ao longo dos anos, foram incapazes de resolver os graves problemas daquela casa, do seu sobredimensionamento, do excesso de pessoal e de dirigentes, das mordomias e dos carros de luxo, dos despesismos, do pluriemprego, da obscenidade dos altos salários que são pagos às “estrelas”, do culto do amiguismo corporativo e, em síntese, daquele escandaloso regabofe. Só nos últimos quatro anos a RTP custou mil milhões de euros aos cofres públicos em indemnizações compensatórias (488 milhões) e em transferências de capital (597 milhões), a que se devem somar as contribuições do audiovisual que os portugueses pagam mensalmente com a factura eléctrica (cerca de 500 milhões). É mais do que um milhão de euros todos os dias!
Agora o governo parece querer livrar-se rapidamente da RTP e entregá-la aos tubarões. Segundo revelou o assessor Borges, esse emissário da Goldman Sachs em Portugal que é ele mesmo um tubarão, o cenário mais provável para o futuro da RTP é o da concessão da empresa a investidores privados, com a garantia de continuarem a receber a taxa audiovisual que é de cerca de 140 milhões de euros anuais. Que grande ideia tem esse assessor Borges: entregar o que é nosso e querer que continuemos a pagar! O assessor Borges gosta muito de falar e ninguém no governo o manda calar. O assessor Borges é um atrevido e um espertalhão, ou se quiserem, um chico-esperto. Porque não se dedica apenas ao Pingo Doce, que até lhe dá emprego na Polónia? Quanto à RTP, entre privatização e concessão, porque não uma valente vassourada naquele regabofe, começando pela venda em leilão dos 57 carros de luxo?

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