A chanceler Angela Merkel veio a Lisboa por algumas horas e a sua presença, enquanto líder da maior potência europeia e terceira potência mundial, é um acontecimento importante, embora essa visita tivesse sido muito contestada, quase dando a ideia que a situação por que passamos tem mais a ver com outros do que com os nossos próprios comportamentos, utopias e deslumbramentos.
Os verdadeiros motivos da visita não foram divulgados e cada um interpreta-os à sua maneira. Para uns poderão ter sido de ordem interna – mostrar ao eleitorado alemão como exerce o poder, como domina as periferias ou como desafia quem a contesta – mas para outros terão sido de ordem externa – mostrar quem manda, transmitir apoio a um aliado ou ajudar um parceiro comunitário. Não me interessam especialmente as motivações da chanceler alemã, nem a vassalagem que publicamente lhe foi prestada pelo nosso primeiro, nem os repetitivos discursos em que ambos afirmaram que não teremos menos juros, nem mais prazos, nem mais dinheiro. Dizem eles que, é duro, mas que tem que ser assim: desemprego, aperto fiscal, falências, emigração jovem, pré-ruptura social, mais pobreza e mais desigualdade.
Porém, no actual estado de debilidade da nossa economia, sem investimento e com elevadíssimo desemprego, não parece haver outro caminho para inverter o nosso ciclo de empobrecimento que não seja o da realpolitik, isto é, uma política externa que assente mais em considerações práticas do que em considerações ideológicas. Nesse sentido, a visita da chanceler e o encontro empresarial luso-alemão que se realizou no CCB podem ser uma janela de oportunidade ou mesmo uma grande varanda de oportunidade para o investimento. Não é costume que isso aconteça, mas pode ser que esta seja a excepção à regra.
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