Nos últimos dias fomos confrontados com uma personagem que, na qualidade de coordenador de um Observatório Económico e Social das Nações Unidas, despertou o interesse do público português com um discurso inovador sobre a realidade nacional. Chama-se Artur Baptista da Silva, é português, tem a palavra fluente e apresentou-se como alguém que coordenava uma equipa de economistas que preparara um relatório sobre a crise na Europa do Sul, a apresentar ao secretário-geral das Nações Unidas. Apareceu na televisão, deu entrevistas ao Expresso, à SIC e à TSF, defendeu que Portugal não deveria ter pedido o resgate financeiro à troika, disse que foi a ajuda comunitária que conduziu ao nosso brutal endividamento e até lançou o que dizia serem as bases para uma renegociação com a troika. Ninguém duvidou do homem mas, em boa hora, o jornalismo de investigação funcionou e o homem foi rapidamente desmascarado: não é economista, não trabalha na ONU, não existe qualquer observatório, não foi feito nenhum relatório e, até há bem pouco tempo, esteve preso por burla, abuso de confiança e emissão de cheques sem cobertura.
O Diário de Notícias escreveu ontem que Artur Baptista da Silva é um impostor. Significa, portanto, que é alguém que engana com falsas aparências e com mentiras, fingindo ser diferente do que realmente é. Os impostores são atrevidos e falsificam o seu estatuto social, académico, financeiro, profissional e, por vezes, até a sua identidade. Infiltram-se na política, na economia e na comunicação social e nós vivemos rodeados por esse tipo de gente. São os impostores do tipo Baptista da Silva que, mesmo quando são desmascarados, continuam a andar por aí a infectar a nossa sociedade e a comprometer o nosso futuro.
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