A insatisfação e o protesto globalizaram-se e depois dos distúrbios acontecidos em Londres e Paris, da chamada Primavera Árabe, das manifestações na margem mediterrânica da Europa e dos protestos na Turquia, a insatisfação chegou ao Brasil numa extensão inesperada. Porém, todos parecem estar de acordo em relação ao protesto e o famoso Caetano Veloso escreveu que “os protestos são uma demonstração genuína da insatisfação da população”.
A insatisfação nem sempre tem uma origem ou um detonador precisos, mas acaba por unir os cidadãos que recusam aceitar passivamente as políticas que não os protegem, que lutam contra a corrupção, que condenam o enriquecimento ilícito e que reagem contra a violência do poder e dos poderosos. O protesto é cada vez mais dirigido ao establishment e aos poderes que podem alternar-se, mas que se perpetuam na mesma lógica. No caso brasileiro o detonador foi o aumento dos transportes, mas existem outras razões como a corrupção generalizada, a violência policial e o comportamento dos políticos. O início da Taça das Confederações, a que seguirão o Mundial de Futebol e os Jogos Olímpicos acordaram o subconsciente dos brasileiros para os astronómicos gastos com os estádios e com a organização desses eventos mais ou menos sumptuários num país a reclamar por mais saúde, mais educação e menos pobreza. Não se trata de um protesto de um partido ou facção contra outro partido ou facção, mas de uma reacção maioritária da população, dos jovens e das pessoas mais qualificadas, mobilizadas a partir das redes sociais. Como titula o Correio Braziliense “as manifestações desnorteiam a velha política” que está posta em causa. São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Belo Horizonte, Fortaleza e muitas outras cidades estão a mostrar a sua indignação. Como compreendemos os nossos irmãos brasileiros daqui deste lado do Atlântico!
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