A
Ucrânia está a passar por momentos de grande tensão e o protesto contra o
governo e contra o Presidente Viktor Yanukovytch tem mobilizado algumas
centenas de milhares de pessoas nas ruas de Kiev , que reclamam pela aproximação à União
Europeia e pelo seu afastamento da Rússia. No domingo, um grupo de
manifestantes com o rosto coberto e que empunhavam bandeiras do partido
ultranacionalista, destruiu a estátua de Lenine, o líder da revolução russa de
1917. Este simbólico acto anti-russo, a lembrar o derrube da estátua de Sadam Hussein,
revela a grande instabilidade por que está a passar o país.
A Ucrânia é
um país da Europa Oriental com quase 50 milhões de habitantes que tem
fronteiras com a Rússia e com a União Europeia (Roménia, Hungria, Eslováquia e Polónia), encontra-se na fronteira
entre a chamada “civilização ocidental” e a “civilização russa”, pelo que é
natural que haja forças e interesses reclamando maior ligação a um dos dois referidos
blocos. No entanto, não se trata apenas de questões
civilizacionais, culturais, históricas e espirituais, pois o problema também
envolve dimensões geoestratégicas de natureza económica, logística e militar.
É, portanto, um assunto interno da Ucrânia, mas é um assunto muito importante
para a Europa. Curiosamente, enquanto vários países da União Europeia estão a
sofrer os efeitos da crise e da austeridade, com manifestações, bloqueios e
protestos violentos que põem em causa os seus fundamentos e a moeda única, na
longínqua Ucrânia é derrubada uma estátua de Lenine no centro de Kiev e
reclama-se a “europeização” do país e a adopção dos valores europeus. O que se
está a passar em Kiev não é indiferente para a União Europeia, nem sequer para os
portugueses que se habituaram a conviver com uma numerosa comunidade
ucraniana, que tão bem se adaptou à sua cultura e ao seu modo de vida.
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