sexta-feira, 7 de março de 2014

Uma obra para ver - Ode Marítima

A apresentação em Lisboa da Ode Marítima de Álvaro de Campos - um dos heterónimos de Fernando Pessoa  - que está em cena desde o dia 6 até ao dia 16 de Março no Teatro Municipal de São Luiz, é um acontecimento cultural relevante que assinala o centenário da criação desta obra.
Frequentemente considerada como uma das maiores obras poéticas da literatura portuguesa, a Ode Marítima tem uma excelente interpretação de Diogo Infante, música original de João Gil e direcção cénica de Natália Luiza, estando a despertar o interesse do público, atraído pela oportunidade de “conhecer ao vivo” uma das mais belas obras literárias de Fernando Pessoa. É um poema futurista, mas é sobretudo uma história que entusiasma pelo seu ritmo e diversidade, que trata de marinheiros e de navios, de viagens e de faróis, de portos e de cais...
Relembrando:

     Sozinho, no cais deserto, a esta manhã de Verão,
     Olho prò lado da barra, olho prò Indefinido,
     Olho e contenta-me ver,
     Pequeno, negro e claro, um paquete entrando.
     ...
     Ah, todo o cais é uma saudade de pedra!
     E quando o navio larga do cais
     E se repara de repente que se abriu um espaço
     Entre o cais e o navio,
     ...
     As viagens agora são tão belas como eram dantes
     E um navio será sempre belo, só porque é um navio.
     ...
     O olhar humanitário dos faróis na distância da noite...

Numa época em que o teatro tem vindo a perder público relativamente a outras artes do palco, é encorajador verificar como Fernando Pessoa e um dos textos mais clássicos da literatura portuguesa sobem ao palco e atraem o interesse do público jovem e menos jovem.

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