Os jornais
espanhóis destacam hoje a destituição de um director-geral de Economia da
Comunidade de Madrid porque, entre 2003 e 2011, gastou 246.700 euros com um
cartão Visa, para além das despesas de representação de que já beneficiava.
É o chamado “caso
de las tarjetas opacas de Caja Madrid” que assume contornos de escândalo
nacional e que envolve muita gente e muitos milhões de euros. No caso do
director destituido, primeiro beneficiava de 25 mil euros anuais e, depois, de 4
mil euros mensais, para serem gastos como parte integrante da sua retribuição e sem
necessidade de qualquer justificativo. Segundo referiu numa entrevista, o que
se passava não era um exclusivo da Caja Madrid, mas “era una práctica conocida y
legal en las corporaciones del mundo entero” e “todo el mundo conocía las
tarjetas, pero estamos en un teatro”.
Porém, o caso é muito mais extenso e mais
grave. Entre 2009 e 2011, quando a crise passou pelo seu pior período, os
executivos da Caja Madrid gastaram mais de 4 milhões de euros com os seus cartões
de crédito, sem necessidade de justificar esses gastos. Mas não eram só os
executivos. Diz o jornal ABC que “un
total de 28 consejeros del PP, 15 del PSOE, 4 de IU y 10 de los sindicatos las
utilizaron” [las tarjetas]. O jornal El País escreve que “un excargo de Caja
Madrid dice que Hacienda conocia las tarjetas opacas”, o diário La Razón diz que “diez sindicalistas
gastaron 1,1 milliones con las tarjetas B de Caja Madrid” e o La Vanguardia destaca que “el escándalo
de las tarjetas de Caja Madrid provoca los primeros ceses”.
Por uma questão
de proximidade geográfica e cultural, este caso que tanto preocupa a Espanha bem
merecia ser tratado pelo nosso jornalismo de investigação, até para ficarmos sossegados
quanto ao que acontece em Portugal e não pensarmos que este tipo de gente
gananciosa e sem escrúpulos também existe por cá.
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