Angola
parece viver tempos de incerteza, depois de um período de grande expansão,
havendo quem afirme que se está a caminhar para o “desastre político e social”.
A situação economica e social tende a agravar-se devido à extrema dependência do
país em relação ao petróleo, cujo preço está em queda e que em 2015 se espera
represente uma quebra de 12 mil milhões de euros na receita petrolífera, mas
também porque o país está viciado nas importações, nos gastos supérfluos com fundos
públicos e com as muitas centenas de carros de luxo das elites.
O
Presidente da República e titular do Poder Executivo que está no poder há 35
anos, é acusado pela oposição e até por alguns sectores do MPLA, de não ter
apoiado a diversificação da economia, de ter pactuado com a corrupção e de ter
imposto os seus amigos e correlegionários como parceiros a todos os
estrangeiros que querem investir ou fazer negócios em Angola.
Poucos
jornais denunciam esta situação. Um deles é o folha 8 que se publica em
Luanda e que é independente do governo e tem uma linha editorial que é muito
crítica do regime angolano, pelo que já foi ameaçado de ser suspenso por denunciar os seus excessos.
Na sua edição de ontem, o jornal inclui uma entrevista com Marcelino Moco, jurista
e doutorando na Universidade de Lisboa, ex-secretário geral do MPLA, ex-primeiro
ministro e ex-secretário executivo da CPLP que, embora rejeite pertencer à
oposição angolana, manifesta preocupação “quando
se vive da distribuição de avultadas riquezas líquidas a familiares, a
servidores pessoais e aos que se calam a algum preço, alto ou baixo” As
críticas de Marcelino Moco vão mais longe, ao afirmar que “para proteger completamente os interesses pessoais do actual e longevo
titular da Presidência da República, o Tribunal Constitucional (deve ler-se
‘tribunal presidencial eduardista’) concluiu a proclamação do actual Presidente
da República em monarca absoluto, depois de ter proclamado o filho José
Filomeno dos Santos seu príncipe herdeiro”. E Marcelino Moco faz uma
promessa: “Se um dia eu voltar ao
governo, que nunca será neste regime completamente amoral e atrapalhado com a
ideia de acumulação de capital para parentes e servidores, saberei rodear-me de
pessoal competente nessas áreas”.
É assim a vida em Angola, onde reina um monarca absoluto.
É assim a vida em Angola, onde reina um monarca absoluto.
Sem comentários:
Enviar um comentário