Gibraltar é uma
península situada a sul da península Ibérica e um rochedo a que os espanhóis
chamam el Peñón, é um território britânico ultramarino e, também, um paraíso
fiscal. Foi ocupado em 1704 por uma força anglo-holandesa durante a Guerra da
Sucessão Espanhola e, no Tratado de Utrecht assinado em 1713, o território foi
cedido à Inglaterra com a "a
total propriedade da cidade e castelo de Gibraltar, junto com o porto,
fortificações e fortes [...] para sempre, sem qualquer exceção ou impedimento”.
Está com este
estatuto desde há 300 anos. Porém, as cedências ou as ocupações territoriais
resultantes das guerras ou dos respectivos tratados de paz, mais tarde ou mais
cedo geram processos de contestação, sobretudo quando não se verifica uma
autêntica integração ou quando as correlações de forças se alteram. A Espanha
tem reivindicado continuamente a devolução de Gibraltar e essa contestação até tem
dado origem a alguma tensão diplomática. O Reino Unido já promoveu referendos
em 1967 e em 2002, para que os cerca de 30 mil gibraltinos decidam do seu
futuro, mas estes têm declarado quase unanimemente que querem ser colónia
britânica. Parece um paradoxo, mas não é.
Gibraltar perdeu
o valor estratégico de outros tempos, mas é um gigantesco shopping center, um verdadeiro mundo da economia paralela e a
verdadeira capital do jogo on line,
que é um dos seus grandes negócios. Hoje o jornal ABC
tenta mostrar o que Gibraltar esconde e afirma que “como todos los paraísos fiscales, Gibraltar está lleno de secretos”. Assim é
de facto. Não se sabe quantos estrangeiros lá trabalham, mas estima-se que esse
número se situe entre 3500 e 10 mil, sobretudo espanhóis residentes em Espanha.
Porém, só 120 espanhóis têm emprego legal declarado pois os outros milhares que
entram e saem todos os dias preferem ser “clandestinos e precários”, podendo ter
outro emprego em Espanha ou receber qualquer tipo de subsídio, eventualmente de
desemprego. As autoridades fiscais espanholas estão em vias de “cercar” esses
milhares de espanhóis empregados nas companhias de jogo, nas empresas financeiras
e de entretenimento, mas também os inúmeros profissionais liberais, sobretudo
da área da saúde, que defraudam o fisco espanhol. Enquanto isto, como refere o ABC,
os “colonialistas” gibraltinos exploram os seus “colonos” espanhóis.
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