As televisões mostraram e
toda a imprensa brasileira noticiou o incêndio de enormes proporções que ontem
à tarde deflagrou na cidade de São Paulo, num edifício construído em 1901 e que, depois de reconvertido,
abrigava o Museu da Língua Portuguesa e integrava no seu espaço a Estação da
Luz, uma das mais movimentadas estações ferroviárias da cidade. O jornal Folha de S. Paulo publica hoje na sua edição uma expressiva
fotografia do incêndio.
O edifício foi renovado e adaptado para acolher o museu pelo
arquitecto Paulo Mendes da Rocha, o mesmo que assina o recém-inaugurado Museu dos
Coches, em Lisboa. O museu foi inaugurado em
2006 pelo Presidente Lula da Silva, o músico e
ministro da Cultura brasileiro Gilberto Gil e a ministra da Cultura portuguesa
Isabel Pires de Lima e apresenta um vasto conteúdo sobre a história da língua
portuguesa, as suas variações e a exploração da língua na literatura
brasileira, entre outros temas. Em 2014, foi o quinto museu mais visitado de
São Paulo, com mais de 386 mil visitantes e, em nove anos de existência,
apresentou exposições sobre Machado de Assis, Fernando Pessoa, Clarice
Lispector, Jorge Amado e Agustina Bessa-Luís, entre outros. A perda causada
pelo incêndio é sobretudo arquitectónica, já que o acervo do museu é virtual e se
encontra totalmente digitalizado, mas o governador
do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, visitou imediatamente o local e
prometeu reconstruir o museu. Apesar disso, é uma grande perda para a cultura
luso-brasileira e é desejável que a promessa do governador Alckmin não fique
esquecida nestes tempos de crise por que passa o Brasil.
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