quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

UNESCO reconheceu a arte chocalheira

Com a surpresa que resulta da minha ignorância nesta matéria, tive ontem conhecimento que a arte chocalheira foi inscrita pela UNESCO na sua lista do Património Cultural Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente. Informei-me ccom a leitura do Público – talvez o único jornal que tratou do assunto  – e passei da surpresa para o aplauso do trabalho pelo feito pela comissão de candidatura, isto é, por aqueles que com entusiasmo, competência e discrição, fazem alguma coisa pelo nosso país. Segundo foi anunciado, a arte chocalheira foi iniciada há mais de dois mil anos, como testemunham os chocalhos celtiberos do século I a.C. que são semelhantes aos que são feitos actualmente. É, portanto, uma arte milenar que tem no território alentejano a sua maior expressão a nível nacional, especialmente nos concelhos de Estremoz, Reguengos de Monsaraz e Viana do Alentejo, com especial destaque para a freguesia de Alcáçovas.
O chocalho português é um instrumento de percussão munido de um só batente interno, que funciona da mesma maneira que um sino e que, habitualmente, é suspenso no pescoço dos animais com a ajuda de uma correia em couro. O chocalho está intimamente associado à pastorícia, sendo utilizado pelos pastores para localizar e dirigir os rebanhos, mas daí também resulta uma paisagem sonora única e característica. A inscrição do fabrico de chocalhos na Lista do Património Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente implica um Plano de Salvaguarda, uma espécie de “caderno de encargos" que visa reverter a tendência de desaparecimento desta arte, garantindo a transmissão do saber-fazer e a sustentabilidade futura da actividade. Daí que tenham sido propostas um conjunto de medidas para promover o ensino do ofício. Depois do cante alentejano e do fabrico de chocalhos que mais nos reservará o património cultural alentejano?

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