Com a surpresa
que resulta da minha ignorância nesta matéria, tive ontem conhecimento que a
arte chocalheira foi inscrita pela UNESCO na sua lista do Património Cultural
Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente. Informei-me ccom a leitura do
Público – talvez o único jornal que tratou do assunto – e passei da surpresa para o aplauso do
trabalho pelo feito pela comissão de candidatura, isto é, por aqueles que com
entusiasmo, competência e discrição, fazem alguma coisa pelo nosso país.
Segundo foi anunciado, a arte chocalheira foi iniciada há mais de dois mil
anos, como testemunham os chocalhos celtiberos do século I a.C. que são
semelhantes aos que são feitos actualmente. É,
portanto, uma arte milenar que tem no território alentejano a sua maior
expressão a nível nacional, especialmente nos concelhos de Estremoz, Reguengos
de Monsaraz e Viana do Alentejo, com especial destaque para a freguesia de
Alcáçovas.
O chocalho português é um instrumento de percussão munido de um só
batente interno, que funciona da mesma maneira que um sino e que,
habitualmente, é suspenso no pescoço dos animais com a ajuda de uma correia em
couro. O chocalho está intimamente associado à pastorícia, sendo utilizado
pelos pastores para localizar e dirigir os rebanhos, mas daí também resulta uma
paisagem sonora única e característica. A inscrição do fabrico de chocalhos na
Lista do Património Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente implica um
Plano de Salvaguarda, uma espécie de “caderno de encargos" que visa
reverter a tendência de desaparecimento desta arte, garantindo a transmissão do
saber-fazer e a sustentabilidade futura da actividade. Daí que tenham sido
propostas um conjunto de medidas para promover o ensino do ofício. Depois do
cante alentejano e do fabrico de chocalhos que mais nos reservará o património
cultural alentejano?
O Alentejo já tinha inventado há muito o GPS, este o das vacas...
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