O homem que foi
ministro das Finanças, Primeiro-Ministro e Presidente da República Portuguesa e
que assistiu ou participou na construção de um castelo económico e financeiro que
está agora a desabar, podia já ter sido esquecido, mas continua a andar por aí.
Ele podia estar sossegadamente a recordar a sua infância de luta pela vida em
Boliqueime ou a deslumbrar-se com as delícias do novo-riquismo na Quinta da
Coelha, mas apareceu-lhe um sucessor no palácio de Belém que não lhe dá tréguas
e que, pé ante pé, está a irradicá-lo da nossa memória e a revelar algumas
surpreendentes facetas do cavaquismo made
in Boliqueime.
São tantas as diferenças
que não vale a pena enunciá-las, mas basta citar as justas homenagens prestadas
pelo actual Presidente da República a Ramalho Eanes e a Salgueiro Maia para
verificar como era avassaladora a mediocridade cultural da anterior Presidência.
Porém, nos
últimos dias, a notícia de que algo corria à margem da lei no Museu da Presidência
da República deixou-me perplexo. Então, ali ao lado, nem ele nem os seus
inúmeros assessores perceberam que alguma coisa não corria bem? Além disso, ainda foi capaz de atirar
com uma condecoração ao peito do seu Director, na linha da atribuição de tantas
condecorações sem critério. Noutra dimensão que define o provincianismo, o mau
gosto e o despesismo próprios de um novo-rico, tratou de comprar um exuberante Mercedes Benz S500 Longo por 129 mil
euros que se destinava ao seu sucessor, utilizando o dinheiro dos meus impostos e
sem me ter pedido autorização. O Tribunal de Contas autorizou? Essa compra
tinha cabimento orçamental ou resultou de uma habilidade contabilística? O
mercado foi consultado ou foi uma compra de ajuste directo? Era conveniente
saberem-se todos os porquês, porque o venerando devia dar o exemplo de parcimónia e não deu. Entretanto, o carro esteve cinco meses a
desvalorizar-se e soube-se agora que o Presidente da República não o quis e que
o carro foi entregue ao Primeiro-Ministro, mas Costa não devia ter ficado com
ele. Porque não devolveram o carro ao vendedor, mesmo com uma desvalorização e
não foi enviada a factura desse prejuízo a Aníbal Cavaco Silva? Se houve
prejuízo para o Estado, o responsável por esta mania das grandezas deve pagar!
Esta é uma notícia que os OCS rapidamente farão desaparecer tal como a de um ex- presidente da Camara de Lisboa que comprou um carro de quase o dobro do valor e que depois, quando se soube do assunto, garantiu que o compravapara si.
ResponderEliminarE. Gomes