Na Sala Cid dos
Santos da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa assisti hoje às
provas públicas de doutoramento de um amigo de há muitos anos e tive a grande
alegria de presenciar a forma como foi justamente reconhecido e elogiado pelos seuspares. Foi,
por isso, um dia memorável para o meu amigo, para a sua família e para aqueles
que, como eu, prezam aquele jovem médico tão devotado à carreira que escolheu.
Não costuma ser aconselhável
que se fale dos amigos, porque há sempre uma natural tendência para o exagero
no elogio e no uso do adjectivo, mas este caso é realmente incontornável
porque, se não é único, é mesmo um caso muito raro e, por isso, aqui lhe deixo
uma breve mensagem.
O meu amigo, que
entrou naquela sala como candidato, apresentou-se perante o meretíssimo júri
depois de mais de vinte anos de estudo e de trabalho hospitalar e após ter
adquirido experiências e saberes em alguns centros de referência mundial, desde
os Estados Unidos ao Japão, para além de um longo período de investigação clínica
no mais conhecido hospital de Barcelona.
Porém, para
atingir o patamar de excelência a que chegou, não confiou apenas na sua
privilegiada inteligência, nem nas suas superiores qualidades de trabalho e de
metódica organização. Venceu todas as barreiras com a humildade, a
solidariedade e a esmerada educação que o caracterizam. Definiu um objectivo e
uma estratégia, não dando tréguas à sua avidez pelo conhecimento científico,
nem pela sua valorização profissional. Durante mais de vinte anos estudou com
determinação e persistência, adiou outros projectos e privou-se de muitas
coisas, mas tornou-se um bom médico, daqueles que acompanham e se interessam
pelos seus pacientes.
A sua
tese intitilou-se “Non-tumoral portal vein thrombosis in patients with
and without cirrhosis – Clinical significance, natural history of varices and
efficacy of anticoagulation”. No fim, os elogios foram unânimes e o júri aprovou-o
com distinção e louvor, por unanimidade. É a mais alta classificação que pode
ser atribuida a um doutoramento. Fiquei orgulhoso. Parabéns ao CNF.
Não sei quem é o CNF, mas que ele me permita associar-me aos parabéns do ARC dirigidos a alguém que com superiores qualidades de trabalho e de metódica organização, com humildade e avidez pelo conhecimento científico, com determinação e persistência, dedicou grande parte da sua vida activa a algo em prol do seu semelhante.
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