A propósito das
comemorações do 70º aniversário da proclamação da República Popular da China
(RPC), as autoridades da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM)
organizaram um programa comemorativo que, entre outras iniciativas, incluíu um
espectáculo de video mapping projectado na fachada das Ruínas
da Igreja de S. Paulo. O jornal Tribuna de Macau (jtm)
destacou esse espectáculo, que teve um conteúdo marcadamente político em que
predominaram os tons vermelhos e em que foram projectadas muitas imagens e
símbolos da RPC, tendo por isso sido muito criticado pela comunidade católica
do território.
Por isso, a
Diocese de Macau também reagiu à realização deste espectáculo com o argumento de
que a fachada da Igreja de S. Paulo “representa a profunda e duradoura herança
católica em Macau”, parecendo “quase contraditório proclamar uma realidade que
é marxista sem Deus, numa fachada que afirma a presença de Deus”. Além disso, a
Diocese de Macau acrescentou que aquelas Ruínas não são apenas um ex-libris da
cidade, de forte simbolismo histórico e religioso, mas também são um dos
elementos que integram o Centro Histórico de Macau, que em 2005 foi classificado
pela Unesco como património da Humanidade.
Embora as Ruínas
não sejam propriedade da Igreja Católica, continuam a ser um símbolo do Catolicismo
e da fé cristã em Macau, pelo que a Diocese reivindicou que quaisquer futuros
espectáculos na fachada de S. Paulo passem a ter um conteúdo que se adeque ao
contexto religioso do monumento. As autoridades macaenses referiram que este
tipo de espectáculos já se realizaram em cinco anos consecutivos sem quaisquer
problemas, mas aceitam discutir futuramente os seus conteúdos com a Diocese de
Macau, até porque está previsto um novo espectáculo por ocasião da celebração
dos 20 anos da criação da RAEM. Há, portanto, muita abertura das duas partes,
certamente atentas ao que está a acontecer ali bem perto em Hong Kong.
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