Num período em
que a França tem estado sob grande tensão social, quer pela acção dos coletes
amarelos, quer pelas greves patrocinadas pelos sindicatos que contestam o plano
para unificar o sistema de pensões, os franceses tiveram agora uma notícia que
lhe alimenta a auto-estima e o orgulho nacional: a Airbus entregou 863 aviões
em 2019 e tornou-se o principal fabricante de aeronaves do mundo, muito à
frente da sua rival Boeing, que está a sofrer os efeitos da crise desencadeada
pelo Boeing 737MAX, que está proibido de voar e tem a sua produção
interrompida. A dimensão do resultado obtido pela Airbus assume maior expressão
quando comparada com a Boeing que, de Janeiro a Novembro de 2019, entregou “apenas”
345 aviões.
A produtividade
da Airbus aumentou 7,9% em relação a 2018 mas, apesar do esforço feito, a
construtora europeia não conseguiu atingir o seu ambicioso objectivo de fazer
entre 880 e 890 entregas em 2019. Entretanto, na sua carteira de encomendas
estão registados cerca de seis mil pedidos de unidades para satisfazer, o que é
um recorde sem precedentes na história da indústria aeronáutica.
Porém, este
sucesso da Airbus não resulta apenas da crise por que passa o seu rival mas é, também,
uma consequência da sua acertada gestão que descentralizou a produção de
Toulouse para Mobile nos Estados Unidos, passando por Tianjin na China e por
Hamburgo na Alemanha.
O jornal La
Dépêche que se publica em Toulouse, a cidade onde estão os cérebros
europeus que enfrentaram (e parece terem vencido) a indústria aeronáutica
americana, dedica hoje a sua primeira página a este nº1 mundial. No domínio da
tecnologia aeronáutica, a Europa vence a América e, para o Donald, esta notícia
deve ser aterradora, até porque é mais uma realidade que mostra que o seu slogan make America great again não está a resultar.
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