Nunca a província
de Cabo Delgado nem o distrito ou a vila de Palma, que se situam no extremo
nordeste de Moçambique, tinham sido tão falados como nos últimos dez dias. A
vila de Palma foi atacada e ocupada por insurgentes ou terroristas inspirados
nas práticas do Daesh, tendo havido um número indeterminado de mortes, vítimas
de grande crueldade. A população fugiu em direcção ao cabo Afungi e ao complexo
industrial que a petrolífera francesa Total ali vem construindo, situados a
cerca de vinte quilómetros. Uma parte dessa população já chegou à cidade de
Pemba, a bela cidade que no tempo colonial se chamava Porto Amélia, onde já se
concentram muitos milhares de refugiados provenientes das zonas de Cabo Delgado
onde os insurgentes afectos ao Daesh têm atacado desde 2017. As notícias são
muito contraditórias e os relatos tanto indicam que os insurgentes dominam a
vila, como afirmam que as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique continuam
a disputar o controlo da vila. A Total terá suspenso os trabalhos em curso no
complexo de gás e o seu pessoal, onde haveria cerca de cinquenta portugueses,
foi retirado do local onde apenas terá ficado a segurança privada das
instalações a cargo de uma empresa sul-africana de segurança.
O semanário Savana,
que se publica na cidade de Maputo, destaca na sua última edição os
acontecimentos de Palma e, tal como muitos observadores, aponta as principais
responsabilidades à inacção das autoridades governamentais, ao presidente
Filipe Nyusi e à Frelimo. Para quem conheceu tão bem aquela área que a natureza
privilegiou com uma paisagem marítima lindíssima, são muito dolorosas as
imagens que nos chegam de Palma e de Pemba que, por vezes, mostram locais que
nos foram familiares.
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