sábado, 25 de junho de 2022

A Ucrânia e a sua adesão à União Europeia

A actual União Europeia nasceu no dia 25 de Março de 1957 com o Tratado de Roma, que instituiu a Comunidade Económica Europeia e tinha apenas seis membros. Depois, com os sucessivos alargamentos chegou aos 28 membros mas, com a saída do Reino Unido, são agora 27. Desde 1986 que Portugal faz parte desse espaço de prosperidade, de tolerância e de ambiguidade, onde têm cabido diferentes culturas, línguas, histórias, religiões e níveis de desenvolvimento muito diversos. 
Porém, o projecto inicial de Jean Monnet e de Robert Schuman, que foi consolidado por homens como Konrad Adenauer, François Mitterrand, Helmut Kohl e Jacques Delors, sobredimensionou-se, atravessa evidentes dificuldades de coesão e vem-se desenvolvendo a várias velocidades. 
Para além dos 27, há actualmente cinco candidatos reconhecidos para a adesão, respectivamente a Turquia desde 1987, a Macedónia do Norte desde 2004, o Montenegro desde 2008 e a Albânia e a Sérvia desde 2009, havendo ainda dois países com o estatuto de potenciais candidatos: a Bósnia-Herzegovina e o Kosovo. Na sequência da invasão russa da Ucrânia e da teimosia com que as partes em conflito persistem naquela guerra, os 27 aprovaram o estatuto de candidatos à adesão da Ucrânia e da República da Moldávia o que, segundo o jornal catalão La Vanguardia, deu origem à frustração entre os líderes dos Balcãs ocidentais por verem os seus processos de adesão ultrapassados. 
Esta medida do Conselho Europeu tem natureza exclusivamente política, é demagógica e apenas pretende enganar os ucranianos, pois todos os 27 líderes europeus, incluindo o português António Costa, sabem que a entrada da Ucrânia na União Europeia iria alterar todo o actual contexto de equilíbrio, pois seria grande demais e o seu maior país, acrescentaria 40 milhões de habitantes com um produto per capita de 28,9% em relação à média europeia, o que tornaria a Ucrânia a principal beneficiária das ajudas comunitárias de pré e de pós-adesão. Mesmo que sejam solidários, muitos europeus dificilmente aceitariam que possam deixar de ser beneficiários das ajudas comunitárias de que agora beneficiam. Talvez daqui a trinta anos...

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