A actual União
Europeia nasceu no dia 25 de Março de 1957 com o Tratado de Roma, que instituiu
a Comunidade Económica Europeia e tinha apenas seis membros. Depois, com os
sucessivos alargamentos chegou aos 28 membros mas, com a saída do Reino Unido,
são agora 27. Desde 1986 que Portugal faz parte desse espaço de prosperidade,
de tolerância e de ambiguidade, onde têm cabido diferentes culturas, línguas,
histórias, religiões e níveis de desenvolvimento muito diversos.
Porém, o
projecto inicial de Jean Monnet e de Robert Schuman, que foi consolidado por
homens como Konrad Adenauer, François Mitterrand, Helmut Kohl e Jacques Delors,
sobredimensionou-se, atravessa evidentes dificuldades de coesão e vem-se
desenvolvendo a várias velocidades.
Para além dos 27,
há actualmente cinco candidatos reconhecidos para a adesão, respectivamente a
Turquia desde 1987, a Macedónia do Norte desde 2004, o Montenegro desde 2008 e
a Albânia e a Sérvia desde 2009, havendo ainda dois países com o estatuto de
potenciais candidatos: a Bósnia-Herzegovina e o Kosovo. Na sequência da
invasão russa da Ucrânia e da teimosia com que as partes em conflito persistem
naquela guerra, os 27 aprovaram o estatuto de candidatos à adesão da Ucrânia e
da República da Moldávia o que, segundo o jornal catalão La Vanguardia, deu origem
à frustração entre os líderes dos Balcãs ocidentais por verem os seus processos
de adesão ultrapassados.
Esta medida do Conselho Europeu tem natureza
exclusivamente política, é demagógica e apenas pretende enganar os ucranianos,
pois todos os 27 líderes europeus, incluindo o português António Costa, sabem
que a entrada da Ucrânia na União Europeia iria alterar todo o actual contexto
de equilíbrio, pois seria grande demais e o seu maior país, acrescentaria 40
milhões de habitantes com um produto per
capita de 28,9% em relação à média europeia, o que tornaria a Ucrânia a
principal beneficiária das ajudas comunitárias de pré e de pós-adesão. Mesmo
que sejam solidários, muitos europeus dificilmente aceitariam que possam deixar
de ser beneficiários das ajudas comunitárias de que agora beneficiam. Talvez daqui a trinta anos...
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