Ao fim de sete
meses de guerra, o imperial Vladimir Putin falou ao seu povo e tratou de
radicalizar o seu discurso, ao anunciar a mobilização de mais tropas e ao
ameaçar a Ucrânia e aqueles que a apoiam, com mais armas, incluindo o seu
arsenal nuclear. Como é evidente, esta reacção é a resposta ao crescente
poderio militar ucraniano e a alguns desaires que as forças russas têm sofrido,
como foi o insucesso do assalto a Kiev, o afundamento do cruzador Moskva e o seu recente recuo na chamada
batalha de Kharkiv. Ninguém esperaria que Putin fizesse um discurso
apaziguador, mas também não se esperava que optasse por esta escalada verbal,
que meio mundo já condenou. O jornal polaco Gazeta wyborcza destacou
o discurso e salientou que “Putin voltou a ameaçar”. Com esta opção de Putin, a
guerra vai continuar, a destruição e a morte vão prosseguir, enquanto a paz por
que muitos anseiam vai ter de esperar.
As guerras
consomem recursos e alteram as conjunturas económicas, daí resultando
dificuldades no quotidiano das populações e efervescência nas opiniões
públicas. O exercício do poder e as opções políticas são sempre muito
dependentes das opiniões públicas e, como se tem visto, são cada vez mais os
que estão fartos da guerra, tanto na Rússia como no Ocidente. Chega a parecer
que serão as opiniões públicas que irão exigir aos seus governos, que parem a
guerra e tratem de conversar.
Praticamente à
mesma hora do discurso de Putin, nos termos de um acordo de cooperação espacial
assinado em Julho, dois astronautas russos e um americano, partiram do
cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, tendo já chegado à estação espacial
onde vão permanecer seis meses. À mesma hora era anunciada a maior troca de
prisioneiros desde o início da guerra, envolvendo cerca de 300 combatentes, incluindo
dez estrangeiros e os comandantes do batalhão Azov, que se tinham rendido em
Mariupol e que estariam à espera de julgamento.
O discurso de Putin não encaixa com a
cooperação espacial, nem com a troca de prisioneiros. Talvez ele tivesse precisado
dessa fanfarrocine como condição prévia para aceitar falar de paz.
Este extremar de posição que as últimas declarações do sr. Putin demonstram não parecem uma estratégia adequada a quem pense falar de paz nem com o que isso implique em ter de ceder em qualquer coisa. Oxalá tenhas razão e eu não esteja a atingir a manobra dele.
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