A guerra na
Ucrânia está a revelar-se cada vez mais uma grande tragédia e a necessidade de
um cessar-fogo é cada vez mais evidente. Apesar de haver horas seguidas de
noticiários televisivos e dezenas de comentadores, não sabemos o que realmente
se passa no terreno, nem nas chancelarias. Há narrativas para todos os gostos,
Putin e Zelensky foram longe de mais no radicalismo dos seus discursos e nunca
haverá vencedores nesta guerra, pois todos sairão derrotados. Qualquer que seja
o seu desenvolvimento, as marcas desta guerra irão perdurar por muitos anos em
todo o mundo. Porém, nas últimas semanas houve algumas novidades, com Volodymyr
Zelensky a andar numa roda-viva a procurar apoios e a ouvir promessas de “apoio
duradouro”, mas também alguns conselhos para se sentar à mesa de negociações.
No dia 18 de Setembro foi a Nova Iorque para falar na Assembleia Geral e no
Conselho de Segurança das Nações Unidas, encontrou-se com Lula da Silva,
discutiu com Joe Biden e ficou a saber que o apoio americano já não é o que
foi. No dia 22 seguiu para o Canadá onde, depois dos encontros muito tensos que
tivera nos Estados Unidos, foi recebido com grande entusiasmo. De regresso à
Ucrânia, esteve na reunião do passado dia 2 de Outubro, que juntou em Kiev os
ministros dos Negócios Estrangeiros de 24 dos 27 estados-membros da União
Europeia, o que aconteceu pela primeira vez fora das suas fronteiras. No dia 4
de Outubro, Zelensky reuniu em Granada com a chamada Comunidade Política
Europeia que junta os líderes de cerca de cinquenta países e, no dia 5,
assistiu como convidado à reunião do Conselho Europeu.
Volodymyr
Zelensky esteve em todas estas reuniões e em todas voltou a ter um apoio mais
ou menos unânime, tendo pedido “um escudo de defesa para o inverno”, não só
para enfrentar a agressão russa, mas também pela necessidade de “salvar a
unidade da Europa”. Porém, fala-se cada vez mais em fadiga e as opiniões
públicas americanas e europeias parecem cansadas. Zelensky nunca estivera tanto
tempo fora do país, mas sentiu necessidade de bater a todas as portas, pois já percebeu que a promessa de “apoio enquanto for necessário” ou de “apoio
duradouro”, se está a tornar hesitante ou menos firme. Como escreveu o La
Vanguardia, o principal jornal da Catalunha, “Zelensky implora a Europa
que no desfallezca en su ayuda a Ucrania”.
E o Séc XXI vai vendo cada vez mais barbarismos ... e não só na Ucrânia.
ResponderEliminar