Chegou a Primavera e começou a preparação das campanhas para a prevenção e combate aos fogos florestais, em que se destacam sempre as intervenções dos "caça-níqueis" da Associação Nacional de Municípios Portugueses e da Liga dos Bombeiros Portugueses.
Ignorando a grave situação financeira do país, estas duas organizações continuam a exigir mais meios e mais dinheiro para combater os fogos florestais, numa verdadeira atitude de chantagem. Não resistem ao dinheiro. Não resistem a alimentar os interesses instalados. Ora, quando há riscos, há imprevistos e, assim, é óbvio que os meios são sempre escassos. Por isso, nas actuais circunstâncias, este tipo de reivindicações tornam-se ridículas e irresponsáveis.
Ajustem os meios às necessidades e “não me peçam mais dinheiro”. Organizem-se e poupem mais. Adoptem boas práticas. Dêem exemplos de boa utilização dos meios. Sejam responsáveis. Ajudem o país. É em período de dificuldades que se inova e se criam oportunidades.
Com o prestígio de que ainda vão gozando na sociedade portuguesa, prestem um verdadeiro serviço público, contribuindo para a sensibilização e mobilização das populações, assim como para a adopção de políticas de prevenção. Ajudem a aplicar a lei relativa à limpeza da floresta e a promover a criação de pequenas empresas de limpeza florestal mas, por razões eleitorais e pelo hábito de se encostarem ao orçamento do Estado, pouco fazem nessa matéria. Mas não me peçam mais dinheiro!
Era bom que se fizesse um balanço sobre tudo isto…
quarta-feira, 30 de março de 2011
terça-feira, 29 de março de 2011
Pritzker 2011
O arquitecto Eduardo Souto de Moura, natural do Porto e com 58 anos de idade, foi distinguido com o prémio Pritzker 2011, o maior galardão mundial na área da arquitectura, sendo habitualmente considerado o Prémio Nobel da Arquitectura.
O prémio foi instituído em 1979 nos Estados Unidos pela Fundação Hyatt para distinguir um arquitecto vivo, cuja obra combine qualidade, talento e boa integração no espaço envolvente. É a segunda vez que um arquitecto português vence este galardão, depois do arquitecto Álvaro Siza Vieira ter sido o escolhido em 1992, sendo de salientar que só os Estados Unidos, o Japão e o Reino Unido tiveram até agora mais arquitectos premiados do que Portugal.
A obra de Eduardo Souto de Moura que o Pritzker 2011 distinguiu, está dispersa por Portugal, Itália, Alemanha, Áustria e Reino Unido e, de entre os projectos que criou, destacam-se o Mercado Municipal de Braga, a ponte Dell'Accademia, em Veneza, a reconversão do Convento de Santa Maria do Bouro, em Amares, e, aquele que sempre refere como o seu projecto favorito: o Estádio Municipal de Braga.
No período que atravessamos, cheio de dificuldades e de incertezas, esta distinção é o reconhecimento do valor da arquitectura portuguesa, mas também é mais um sinal de que na sociedade civil existe muita inteligência e muito talento que é necessário mobilizar.
O prémio foi instituído em 1979 nos Estados Unidos pela Fundação Hyatt para distinguir um arquitecto vivo, cuja obra combine qualidade, talento e boa integração no espaço envolvente. É a segunda vez que um arquitecto português vence este galardão, depois do arquitecto Álvaro Siza Vieira ter sido o escolhido em 1992, sendo de salientar que só os Estados Unidos, o Japão e o Reino Unido tiveram até agora mais arquitectos premiados do que Portugal.
A obra de Eduardo Souto de Moura que o Pritzker 2011 distinguiu, está dispersa por Portugal, Itália, Alemanha, Áustria e Reino Unido e, de entre os projectos que criou, destacam-se o Mercado Municipal de Braga, a ponte Dell'Accademia, em Veneza, a reconversão do Convento de Santa Maria do Bouro, em Amares, e, aquele que sempre refere como o seu projecto favorito: o Estádio Municipal de Braga.
No período que atravessamos, cheio de dificuldades e de incertezas, esta distinção é o reconhecimento do valor da arquitectura portuguesa, mas também é mais um sinal de que na sociedade civil existe muita inteligência e muito talento que é necessário mobilizar.
segunda-feira, 28 de março de 2011
Ilha do Pico
No grupo central do arquipélago dos Açores, situam-se as ilhas do Pico, Faial e S. Jorge, cujo conjunto é conhecido por “ilhas do Triângulo”.
Neste conjunto destaca-se a ilha do Pico que é a segunda maior ilha dos Açores e que exibe a mais alta montanha de Portugal. Raul Brandão, que visitou os Açores em 1924, não lhe resistiu esteticamente e na sua famosa obra “As Ilhas Desconhecidas”, escreveu:
“O Pico é a mais bela, a mais extraordinária ilha dos Açores, duma beleza que só a ela pertence, duma cor admirável e com um estranho poder de atracção. É mais que uma ilha – é uma estátua erguida até ao céu e moldada pelo fogo”.
Raul Brandão entusiasmou-se, porque o Pico tem ciclos muito distintos.
No Inverno a ilha é rodeada por mares encapelados e tempestuosos, sendo marcada por dias sombrios e neblinas espessas, chuvas intensas e ventanias atlânticas.
Depois, quando chega a Primavera, inicia-se um novo ciclo de vida, com a paisagem natural a transformar-se com a exuberância verde das pastagens e dos arvoredos, com a neve da alta montanha a desaparecer e com as actividades a surgir com uma renovada energia.
Mais tarde, chegará o Verão e com ele uma paisagem particularmente atraente, com um mar azul apelativo, as bermas das estradas floridas de hortênsias, uma luminosidade intensa, muitas festas e romarias, muitos visitantes e muita vida.
O Pico tem todos estes ciclos bem marcados e sempre sugestivos. Eu gosto de todos eles e, por isso, por lá passei com satisfação no início desta Primavera.
Neste conjunto destaca-se a ilha do Pico que é a segunda maior ilha dos Açores e que exibe a mais alta montanha de Portugal. Raul Brandão, que visitou os Açores em 1924, não lhe resistiu esteticamente e na sua famosa obra “As Ilhas Desconhecidas”, escreveu:
“O Pico é a mais bela, a mais extraordinária ilha dos Açores, duma beleza que só a ela pertence, duma cor admirável e com um estranho poder de atracção. É mais que uma ilha – é uma estátua erguida até ao céu e moldada pelo fogo”.
Raul Brandão entusiasmou-se, porque o Pico tem ciclos muito distintos.
No Inverno a ilha é rodeada por mares encapelados e tempestuosos, sendo marcada por dias sombrios e neblinas espessas, chuvas intensas e ventanias atlânticas.
Depois, quando chega a Primavera, inicia-se um novo ciclo de vida, com a paisagem natural a transformar-se com a exuberância verde das pastagens e dos arvoredos, com a neve da alta montanha a desaparecer e com as actividades a surgir com uma renovada energia.
Mais tarde, chegará o Verão e com ele uma paisagem particularmente atraente, com um mar azul apelativo, as bermas das estradas floridas de hortênsias, uma luminosidade intensa, muitas festas e romarias, muitos visitantes e muita vida.
O Pico tem todos estes ciclos bem marcados e sempre sugestivos. Eu gosto de todos eles e, por isso, por lá passei com satisfação no início desta Primavera.
domingo, 27 de março de 2011
A chata borralheira
O cromo que hoje apresento nasceu de um emocionante conto de fadas.
Eu conto: era uma vez uma menina que vivia numa pequena cidade do Oeste, onde foi rainha das Vindimas. Embora não tivesse acabado o seu curso de Direito, entrou na televisão pública como soldado raso, isto é, como locutora de continuidade. Até adoptou um pseudónimo para vingar, porque o seu verdadeiro nome não lhe servia.
Foi o princípio do sonho. Tinha algum talento. Era sabidona e atrevida. Foi cantora. Fez rádio. Depois entrou na informação. A política e a ambição juntaram-se e foi eleita deputada. Tudo isto numa dúzia de anos!
Com tão promissora ascensão, mudou de estação e tornou-se pivot do diário informativo da TVI, então de formato sensacionalista e que era realizado por gente que fazia da informação uma coisa indigna e degradante. Ela era o rosto desse espectáculo. Dava as “nutícias”. Dava palpites. Humilhava quem queria, sem qualquer pudor. Indecentemente.
Era a concretização de um sonho de fadas, a vingança da menina que vivia numa pequena cidade do Oeste e a quem uma fada protegera com a sua varinha mágica. O poder subiu-lhe à cabeça. Até encontrou um príncipe encantado à porta do estúdio. Julgou-se uma cinderela, mas não passava de uma vulgar chata borralheira!
Até que surgiu alguém que lhe fez frente e em directo. Foi um acontecimento histórico que o youtube ainda regista. Virou-se o feitiço contra o feiticeiro.
Alguns meses depois, foi posta na rua.
Eu conto: era uma vez uma menina que vivia numa pequena cidade do Oeste, onde foi rainha das Vindimas. Embora não tivesse acabado o seu curso de Direito, entrou na televisão pública como soldado raso, isto é, como locutora de continuidade. Até adoptou um pseudónimo para vingar, porque o seu verdadeiro nome não lhe servia.
Foi o princípio do sonho. Tinha algum talento. Era sabidona e atrevida. Foi cantora. Fez rádio. Depois entrou na informação. A política e a ambição juntaram-se e foi eleita deputada. Tudo isto numa dúzia de anos!
Com tão promissora ascensão, mudou de estação e tornou-se pivot do diário informativo da TVI, então de formato sensacionalista e que era realizado por gente que fazia da informação uma coisa indigna e degradante. Ela era o rosto desse espectáculo. Dava as “nutícias”. Dava palpites. Humilhava quem queria, sem qualquer pudor. Indecentemente.
Era a concretização de um sonho de fadas, a vingança da menina que vivia numa pequena cidade do Oeste e a quem uma fada protegera com a sua varinha mágica. O poder subiu-lhe à cabeça. Até encontrou um príncipe encantado à porta do estúdio. Julgou-se uma cinderela, mas não passava de uma vulgar chata borralheira!
Até que surgiu alguém que lhe fez frente e em directo. Foi um acontecimento histórico que o youtube ainda regista. Virou-se o feitiço contra o feiticeiro.
Alguns meses depois, foi posta na rua.
O efeito dominó
Quando um jornal europeu e, neste caso espanhol, chama Portugal à sua primeira página, então é porque o assunto é muito importante para a Espanha, para a Europa e, naturalmente, para Portugal.
Trata-se do problema do défice e da dívida portuguesas que a edição do ABC salienta, devido às crescentes dificuldades para controlar essas variáveis. Desde há muito tempo que um problema português não suscitava tanto interesse na Europa. É que, apesar da economia portuguesa representar apenas cerca de 2% da economia europeia, o problema não é exclusivamente português e tem a ver com a crise europeia. De forma semelhante ao que se dizia em 1975, também Merkel, Sarkozy e Barroso não estão preocupados, agora, com o que se passa junto ao Tejo, mas sobretudo com aquilo que se pode vir a passar junto dos rios deles.
Perante a crise financeira portuguesa, há muitas vozes, interna e internacionalmente, que sugerem que Portugal recorra à ajuda externa para satisfazer os seus compromissos e necessidades de financiamento, através do BCE e do FMI. Assim fizeram a Grécia e a Irlanda. Porém, outras vozes, incluindo a do Primeiro-Ministro demissionário e de outros líderes europeus, consideram que esse caminho representa a entrada num perigoso ciclo, se os países europeus passarem a recorrer à ajuda externa sempre que surgirem dificuldades.
É o chamado efeito dominó em que, um após outro, cada país cairá nas garras do FMI e das suas severas regras. É este efeito que os países do Euro querem travar em defesa da moeda única. Daí o inequívoco apoio que as instituições e os líderes europeus expressaram, para que Portugal seja o primeiro país a resistir e não o terceiro país a cair na armadilha do FMI. Durante as próximas semanas será à volta desta problemática que muito se falará em Portugal.
Trata-se do problema do défice e da dívida portuguesas que a edição do ABC salienta, devido às crescentes dificuldades para controlar essas variáveis. Desde há muito tempo que um problema português não suscitava tanto interesse na Europa. É que, apesar da economia portuguesa representar apenas cerca de 2% da economia europeia, o problema não é exclusivamente português e tem a ver com a crise europeia. De forma semelhante ao que se dizia em 1975, também Merkel, Sarkozy e Barroso não estão preocupados, agora, com o que se passa junto ao Tejo, mas sobretudo com aquilo que se pode vir a passar junto dos rios deles.
Perante a crise financeira portuguesa, há muitas vozes, interna e internacionalmente, que sugerem que Portugal recorra à ajuda externa para satisfazer os seus compromissos e necessidades de financiamento, através do BCE e do FMI. Assim fizeram a Grécia e a Irlanda. Porém, outras vozes, incluindo a do Primeiro-Ministro demissionário e de outros líderes europeus, consideram que esse caminho representa a entrada num perigoso ciclo, se os países europeus passarem a recorrer à ajuda externa sempre que surgirem dificuldades.
É o chamado efeito dominó em que, um após outro, cada país cairá nas garras do FMI e das suas severas regras. É este efeito que os países do Euro querem travar em defesa da moeda única. Daí o inequívoco apoio que as instituições e os líderes europeus expressaram, para que Portugal seja o primeiro país a resistir e não o terceiro país a cair na armadilha do FMI. Durante as próximas semanas será à volta desta problemática que muito se falará em Portugal.
sábado, 26 de março de 2011
Small is beautiful
A cidade da Horta é, do ponto de vista paisagístico, uma das mais atraentes cidades portuguesas. Localizada na costa sul da ilha do Faial, estende-se em anfiteatro sobre uma baía enquadrada pelo morro da Espalamaca e pelo Monte da Guia, tendo o mar azul do canal do Faial e a montanha da ilha do Pico a servirem-lhe de pano de fundo.
É uma cidade pequena mas cheia de histórias, de memórias e de vida, que vão desde os tempos de Cumberland e Drake e dos seus ataques à navegação das Índias, até aos tempos mais recentes da actividade baleeira, dos cabos submarinos e dos hidroaviões que cruzavam o Atlântico, sem esquecer as crises sísmicas e vulcânicas. Dela se pode dizer, apropriadamente, que small is beautiful.
Apesar de possuir algumas modernas infra-estruturas, como por exemplo o edifício que alberga a Assembleia Regional, a cidade conserva a sua estrutura urbana tradicional, com belos edifícios com varandas, muitas calçadas e passeios com bonitos empedrados, alguns jardins bem tratados e várias peças de arquitectura religiosa e militar.
A cidade e a sua marina são uma escala e, também, um ex-libris para a navegação de recreio que atravessa o Atlântico, proporcionando sempre imagens de grande beleza. Por vezes parece que o tempo parou na cidade, sobretudo no Inverno, mas é um equívoco que o Verão esclarece.
A Horta é uma cidade cosmopolita e com carisma. É sempre com entusiasmo e interesse que, desde há mais de quarenta anos, a visito e a percorro.
É uma cidade pequena mas cheia de histórias, de memórias e de vida, que vão desde os tempos de Cumberland e Drake e dos seus ataques à navegação das Índias, até aos tempos mais recentes da actividade baleeira, dos cabos submarinos e dos hidroaviões que cruzavam o Atlântico, sem esquecer as crises sísmicas e vulcânicas. Dela se pode dizer, apropriadamente, que small is beautiful.
Apesar de possuir algumas modernas infra-estruturas, como por exemplo o edifício que alberga a Assembleia Regional, a cidade conserva a sua estrutura urbana tradicional, com belos edifícios com varandas, muitas calçadas e passeios com bonitos empedrados, alguns jardins bem tratados e várias peças de arquitectura religiosa e militar.
A cidade e a sua marina são uma escala e, também, um ex-libris para a navegação de recreio que atravessa o Atlântico, proporcionando sempre imagens de grande beleza. Por vezes parece que o tempo parou na cidade, sobretudo no Inverno, mas é um equívoco que o Verão esclarece.
A Horta é uma cidade cosmopolita e com carisma. É sempre com entusiasmo e interesse que, desde há mais de quarenta anos, a visito e a percorro.
sexta-feira, 25 de março de 2011
Cegueira política
O primeiro Ministro de Portugal decidiu apresentar a sua demissão ao Presidente da República, na sequência de uma votação em que a maioria da Assembleia da República rejeitou a proposta governamental de medidas adicionais, visando a redução do défice público e do endividamento do Estado.
Esse facto, ocorrido na véspera do início da Cimeira da Primavera, foi chamado à primeira página de inúmeros jornais portugueses e estrangeiros, porque pode significar uma grave crise política em Portugal, mas também porque pode gerar contágios em países como a Espanha, a Itália e a Bélgica e, consequentemente, na moeda única e na própria economia europeia.
Para o governo, a aprovação destas medidas, vulgarmente designadas por PEC 4, era um elemento essencial para assegurar a confiança dos mercados financeiros e para garantir a correcção estrutural do défice e da dívida pública portuguesas.
Para a oposição, as medidas propostas eram demasiado gravosas para a população de menores rendimentos e a forma como foi conduzida a sua apresentação foram consideradas desleais e feriram a sua confiança no governo.
As linhas gerais desse programa já tinham sido apresentadas e tinham merecido o apoio do Banco Central Europeu e da Comissão Europeia, mas foi exactamente essa apresentação sem prévia discussão, que despoletou a situação de crispação entre o governo e a oposição e a demissão do Primeiro Ministro.
Agora, o cenário mais provável são eleições antecipadas, embora até lá se agravem dramaticamente as condições de financiamento e a credibilidade internacional do nosso país. Mas certamente que, nesta grave emergência, haveria outras soluções democráticas se os principais agentes políticos, incluindo os partidos políticos, se tivessem empenhado como o interesse nacional exigia.
Sinto-me defraudado e pergunto-me como é possível, tanto egoísmo e tanta cegueira política.
Esse facto, ocorrido na véspera do início da Cimeira da Primavera, foi chamado à primeira página de inúmeros jornais portugueses e estrangeiros, porque pode significar uma grave crise política em Portugal, mas também porque pode gerar contágios em países como a Espanha, a Itália e a Bélgica e, consequentemente, na moeda única e na própria economia europeia.
Para o governo, a aprovação destas medidas, vulgarmente designadas por PEC 4, era um elemento essencial para assegurar a confiança dos mercados financeiros e para garantir a correcção estrutural do défice e da dívida pública portuguesas.
Para a oposição, as medidas propostas eram demasiado gravosas para a população de menores rendimentos e a forma como foi conduzida a sua apresentação foram consideradas desleais e feriram a sua confiança no governo.
As linhas gerais desse programa já tinham sido apresentadas e tinham merecido o apoio do Banco Central Europeu e da Comissão Europeia, mas foi exactamente essa apresentação sem prévia discussão, que despoletou a situação de crispação entre o governo e a oposição e a demissão do Primeiro Ministro.
Agora, o cenário mais provável são eleições antecipadas, embora até lá se agravem dramaticamente as condições de financiamento e a credibilidade internacional do nosso país. Mas certamente que, nesta grave emergência, haveria outras soluções democráticas se os principais agentes políticos, incluindo os partidos políticos, se tivessem empenhado como o interesse nacional exigia.
Sinto-me defraudado e pergunto-me como é possível, tanto egoísmo e tanta cegueira política.
segunda-feira, 21 de março de 2011
Começou como caixa e encaixou-se!
Um cromo topo de gama, cuja meteórica carreira o levou da caixa de uma agência bancária em Mogadouro, até à administração da Caixa. Encaixou-me a preceito e, na capital, passou pela política até chegar ao capital.
Entrou na política muito cedo e por vocação. Nunca fez outra coisa. Alimentou-se da política. Subiu a escada do sucesso político. Aos 30 anos foi deputado e vice-presidente do seu grupo parlamentar. Depois foi Secretário de Estado e chegou a Ministro. Deslumbrou-se e meteu-se em sarilhos. Teve que se demitir devido a alegadas irregularidades cometidas pela Fundação para a Prevenção e Segurança, que fundara em 1999, mas foi quando abandonou o seu cargo político que viu a sua vida financeira prosperar.
Em Chelas carimbou uma rápida licenciatura, na versão simplex. E progrediu socialmente. No Alentejo comprou uma confortável casinha. E progrediu economicamente.
Já licenciado com um canudo em Relações Internacionais, voltou à Caixa que muito carecia da experiência e do saber do seu antigo caixa. Se como caixa tinha enfrentado a clientela, com a entrada na Caixa passou a fazer parte da clientela.
Saiu com uma licença sem vencimento e com uma promoção ao mais nível. Foi para o BCP, o que lhe rendeu muito mais dinheiro em salários e indemnizações, além de lhe engordar o tempo de reforma. Voltou a meter-se em sarilhos. Emigrou e agora dedica-se aos cimentos.
Tem feito muita coisa ao longo da vida, com muitos tachos, amigos, habilidades, espertezas e falcatruas. Soube sempre encaixar-se muito bem!
Entrou na política muito cedo e por vocação. Nunca fez outra coisa. Alimentou-se da política. Subiu a escada do sucesso político. Aos 30 anos foi deputado e vice-presidente do seu grupo parlamentar. Depois foi Secretário de Estado e chegou a Ministro. Deslumbrou-se e meteu-se em sarilhos. Teve que se demitir devido a alegadas irregularidades cometidas pela Fundação para a Prevenção e Segurança, que fundara em 1999, mas foi quando abandonou o seu cargo político que viu a sua vida financeira prosperar.
Em Chelas carimbou uma rápida licenciatura, na versão simplex. E progrediu socialmente. No Alentejo comprou uma confortável casinha. E progrediu economicamente.
Já licenciado com um canudo em Relações Internacionais, voltou à Caixa que muito carecia da experiência e do saber do seu antigo caixa. Se como caixa tinha enfrentado a clientela, com a entrada na Caixa passou a fazer parte da clientela.
Saiu com uma licença sem vencimento e com uma promoção ao mais nível. Foi para o BCP, o que lhe rendeu muito mais dinheiro em salários e indemnizações, além de lhe engordar o tempo de reforma. Voltou a meter-se em sarilhos. Emigrou e agora dedica-se aos cimentos.
Tem feito muita coisa ao longo da vida, com muitos tachos, amigos, habilidades, espertezas e falcatruas. Soube sempre encaixar-se muito bem!
Um tiro no escuro?
No dia 19 de Março, aviões franceses e ingleses iniciaram operações de bombardeamento sobre diversas cidades líbias, a fim de destruir blindados e diversas instalações antiaéreas e de comunicações, enquanto navios americanos e britânicos dispararam 124 mísseis de cruzeiro Tomahawk contra alvos militares do regime líbio. Estas acções resultam da aplicação de uma Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas que autoriza o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea no leste da Líbia, destinada a assegurar a protecção das populações civis dos ataques das forças do regime do coronel Kadhafi. Porém, a acção militar não se tem destinado apenas a impedir que a aviação líbia se movimente porque, de facto, tem obrigado as forças de Kadhafi a recuar no terreno, sobretudo na área de Benghazi, a segunda maior cidade do país.
Esta acção militar não tem apoios unânimes. A Alemanha não a apoia, a Rússia e a China já se demarcaram dela e a Liga Árabe considera que o que está a acontecer é um ataque maciço e desproporcionado, que ultrapassa o espírito da Resolução da ONU.
Os Estados Unidos e os seus aliados reagem à arrogância, à tirania e às ameaças do regime de Kadhafi, com quem até há pouco conviviam com alguma intimidade, mas a acção militar dos falcões pode ser um tiro no escuro. De facto, este tipo de acções acontece onde há tiranos e petróleo, mas não acontece onde há tiranos sem petróleo. Depois das lições do Iraque e do Afeganistão, será que temos um novo imbróglio, agora aqui bem perto? E o que se passará com os interesses portugueses na Líbia, designadamente com as empresas de construção e os investimentos do BES e da Cabelte?
Esta acção militar não tem apoios unânimes. A Alemanha não a apoia, a Rússia e a China já se demarcaram dela e a Liga Árabe considera que o que está a acontecer é um ataque maciço e desproporcionado, que ultrapassa o espírito da Resolução da ONU.
Os Estados Unidos e os seus aliados reagem à arrogância, à tirania e às ameaças do regime de Kadhafi, com quem até há pouco conviviam com alguma intimidade, mas a acção militar dos falcões pode ser um tiro no escuro. De facto, este tipo de acções acontece onde há tiranos e petróleo, mas não acontece onde há tiranos sem petróleo. Depois das lições do Iraque e do Afeganistão, será que temos um novo imbróglio, agora aqui bem perto? E o que se passará com os interesses portugueses na Líbia, designadamente com as empresas de construção e os investimentos do BES e da Cabelte?
sábado, 19 de março de 2011
Todos à rasca
A situação económico-financeira portuguesa tem-se deteriorado ao longo dos últimos anos e as principais variáveis dessa realidade são o défice público, a dívida externa e o crescimento económico.
Porém, não é necessário conhecer os respectivos indicadores para percebermos como as coisas estão porque, como escreveu Sophia, “vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar”.
Quanto ao Estado, todos sabemos como se gasta “à tripa forra” e todos conhecemos situações de despesismo, tráfico de influências, clientelismo, favorecimento, corrupção e incompetência. É chocante ver como muitos dos seus agentes abdicaram do dever do serviço público. Estão lá de pedra e cal. Servem-se e governam-se.
Quanto às Famílias, também conhecemos como vivem e como se queixam, apesar de muito novo-riquismo, dos carros novos, das viagens de férias para destinos exóticos, dos consumos supérfluos, do endividamento e de tantos casos de surpreendente enriquecimento.
A situação tem-se degradado continuadamente e as desigualdades sociais acentuam-se. A classe política anda muito distraída nas suas discussões redondas e estéreis. Os seus interesses e egoísmos têm bloqueado as respostas necessárias, que implicam sempre menos despesa e mais poupança do Estado e das Famílias. Ora isso representa a necessidade de mudar de vida. E, aparentemente, nem o Estado, nem as Famílias, querem mudar de vida. E reagem.
À classe política e aos seus agentes há que exigir bons exemplos e boas práticas. A arte para mobilizar os portugueses. A coragem para travar os exageros. A humildade para servirem o país. O imperativo para pensarem no que nos une e para desvalorizarem aquilo que nos separa. Consensos. Acordos. Coligações. Acção convergente e comum. É que o momento é muito grave.
Por isso, como titulava a Visão, os grandes protagonistas da nossa vida política estão “todos à rasca”.
Porém, não é necessário conhecer os respectivos indicadores para percebermos como as coisas estão porque, como escreveu Sophia, “vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar”.
Quanto ao Estado, todos sabemos como se gasta “à tripa forra” e todos conhecemos situações de despesismo, tráfico de influências, clientelismo, favorecimento, corrupção e incompetência. É chocante ver como muitos dos seus agentes abdicaram do dever do serviço público. Estão lá de pedra e cal. Servem-se e governam-se.
Quanto às Famílias, também conhecemos como vivem e como se queixam, apesar de muito novo-riquismo, dos carros novos, das viagens de férias para destinos exóticos, dos consumos supérfluos, do endividamento e de tantos casos de surpreendente enriquecimento.
A situação tem-se degradado continuadamente e as desigualdades sociais acentuam-se. A classe política anda muito distraída nas suas discussões redondas e estéreis. Os seus interesses e egoísmos têm bloqueado as respostas necessárias, que implicam sempre menos despesa e mais poupança do Estado e das Famílias. Ora isso representa a necessidade de mudar de vida. E, aparentemente, nem o Estado, nem as Famílias, querem mudar de vida. E reagem.
À classe política e aos seus agentes há que exigir bons exemplos e boas práticas. A arte para mobilizar os portugueses. A coragem para travar os exageros. A humildade para servirem o país. O imperativo para pensarem no que nos une e para desvalorizarem aquilo que nos separa. Consensos. Acordos. Coligações. Acção convergente e comum. É que o momento é muito grave.
Por isso, como titulava a Visão, os grandes protagonistas da nossa vida política estão “todos à rasca”.
quinta-feira, 17 de março de 2011
O novo Museu dos Coches
As obras do novo Museu dos Coches em Lisboa prosseguem e a sua conclusão deverá acontecer no final de 2011.
Depois da sede da Fundação Champalimaud, concebida por Charles Corrêa, um arquitecto indiano de origem goesa, o novo Museu dos Coches também é da autoria de um reputado arquitecto estrangeiro. Trata-se de Paulo Mendes da Rocha, um arquitecto brasileiro que já foi galardoado com o Prémio Pritzker, o chamado Nobel da Arquitectura. É o seu primeiro trabalho em Portugal, tem um custo estimado de 38 milhões de euros e o seu financiamento resulta das contrapartidas da instalação do Casino de Lisboa.
O Museu dos Coches, que é o museu mais visitado do país, passará a ter dois pólos em Belém: um continuará nas suas actuais instalações - o antigo picadeiro do Palácio de Belém – e o outro ficará no novo edifício, que foi concebido de forma a assegurar a fruição pública dos espaços envolventes, ficando levantado do chão e assente em pouquíssimos pilares, quase "a flutuar".
O novo edifício, que como sempre sucede, levantou polémicas museológicas, arquitectónicas e urbanísticas, constituirá um novo pólo de dinamização da área turística e cultural de Belém. A par de edifícios históricos como o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém, a zona de Belém também exibe modernas peças arquitectónicas de referência, como são o Centro Cultural de Belém, a Fundação Champalimaud e, em breve, o novo Museu dos Coches.
segunda-feira, 14 de março de 2011
Sempre a somar!
Apresento hoje o 8º cromo da minha colecção - um verdadeiro meteoro na sua ascensão política e, sobretudo, na rapidez com que acumulou riqueza.
Andou no seminário, mas não era essa a sua vocação. Por isso veio da serra para a cidade, entrou na política, tornou-se um barão no seu partido e, com 36 anos de idade, chegou a ministro.
Esteve 8 anos no governo. Viu muita coisa. Aprendeu. Deslumbrou-se. Em 1995 deixou de ser ministro e, mais tarde, declarou que "quando saí da política não tinha dinheiro nenhum", mas em 1991 já tinha comprado e remodelado uma vivenda no Estoril, por 150 mil contos. A origem do dinheiro para a compra e obras foi então questionada pelo jornal "Expresso". Como poderia um modesto vencimento de governante e de advogado em part-time suportar tamanho luxo?
Não procurou emprego nas páginas de anúncios, nem mandou currículos para as empresas. Os amigos arranjaram-lhe emprego. Chegou rapidamente à SLN e ao BPN. Aquilo é que foi festa. Sempre a somar!
Seis anos depois, só com os negócios do BPN, parece que tinha ganho 8 milhões de euros. Estava rico e poderoso. Influente. Aquele carro... Continuou com os negócios e internacionalizou-os em Porto Rico e Marrocos. O deslumbramento continuou. Foi somando. Quando o barco do BPN começou a meter água, foi um dos primeiros a abandoná-lo, reconhecendo que, desde que deixou o governo, tinha ganho muito dinheiro.
Tinha sido deputado em 5 legislaturas e membro do Conselho de Estado, mas foi o BPN que o fez assim…
Agora pagamos nós os milhões que os abutres e os trafulhas comeram no BPN, mas o cromo está de férias em Cabo Verde.
Andou no seminário, mas não era essa a sua vocação. Por isso veio da serra para a cidade, entrou na política, tornou-se um barão no seu partido e, com 36 anos de idade, chegou a ministro.
Esteve 8 anos no governo. Viu muita coisa. Aprendeu. Deslumbrou-se. Em 1995 deixou de ser ministro e, mais tarde, declarou que "quando saí da política não tinha dinheiro nenhum", mas em 1991 já tinha comprado e remodelado uma vivenda no Estoril, por 150 mil contos. A origem do dinheiro para a compra e obras foi então questionada pelo jornal "Expresso". Como poderia um modesto vencimento de governante e de advogado em part-time suportar tamanho luxo?
Não procurou emprego nas páginas de anúncios, nem mandou currículos para as empresas. Os amigos arranjaram-lhe emprego. Chegou rapidamente à SLN e ao BPN. Aquilo é que foi festa. Sempre a somar!
Seis anos depois, só com os negócios do BPN, parece que tinha ganho 8 milhões de euros. Estava rico e poderoso. Influente. Aquele carro... Continuou com os negócios e internacionalizou-os em Porto Rico e Marrocos. O deslumbramento continuou. Foi somando. Quando o barco do BPN começou a meter água, foi um dos primeiros a abandoná-lo, reconhecendo que, desde que deixou o governo, tinha ganho muito dinheiro.
Tinha sido deputado em 5 legislaturas e membro do Conselho de Estado, mas foi o BPN que o fez assim…
Agora pagamos nós os milhões que os abutres e os trafulhas comeram no BPN, mas o cromo está de férias em Cabo Verde.
Muito maus exemplos!
O Diário de Notícias informa hoje que, no corrente ano de 2011, as despesas com pessoal da Assembleia da República aumentam 2,2 milhões de euros.
Lê-se e quase não se acredita. Embora, no corrente ano, estejam orçamentados cortes em deslocações e estadas, publicidade, estudos, pareceres, exposições, livros, material de escritório, entre outros, há outros gastos que não sofreram contenção e vão mesmo aumentar. São valores relacionados com despesas de pessoal, transportes e subvenções dos grupos parlamentares. A subida mais acentuada é nos gastos de pessoal que, segundo o Diário de Notícias, passou de 49 milhões em 2010 para 51 milhões em 2011.
Lemos isto e ficamos estupefactos. Os cidadãos políticos deviam dar o exemplo. Mas são politicamente vulgares, desonestos, gananciosos e ignorantes.
Nesse aspecto Ele tinha razão: “Muitos dos nossos agentes políticos não conhecem o país real, só conhecem um país virtual e mediático”.
Os limites do bom senso estão ultrapassados. Os sacrifícios têm que ser para todos. Com estes maus exemplos não sairemos desta situação!
Lê-se e quase não se acredita. Embora, no corrente ano, estejam orçamentados cortes em deslocações e estadas, publicidade, estudos, pareceres, exposições, livros, material de escritório, entre outros, há outros gastos que não sofreram contenção e vão mesmo aumentar. São valores relacionados com despesas de pessoal, transportes e subvenções dos grupos parlamentares. A subida mais acentuada é nos gastos de pessoal que, segundo o Diário de Notícias, passou de 49 milhões em 2010 para 51 milhões em 2011.
Lemos isto e ficamos estupefactos. Os cidadãos políticos deviam dar o exemplo. Mas são politicamente vulgares, desonestos, gananciosos e ignorantes.
Nesse aspecto Ele tinha razão: “Muitos dos nossos agentes políticos não conhecem o país real, só conhecem um país virtual e mediático”.
Os limites do bom senso estão ultrapassados. Os sacrifícios têm que ser para todos. Com estes maus exemplos não sairemos desta situação!
Crónica de uma Travessia
Crónica de uma Travessia – A Época do Ai-Dik-Funam foi publicado em 1997, quando ainda se combatia nas montanhas de Timor contra o invasor indonésio e o futuro era incerto, tendo sido reeditado em 2010.
O seu autor – Luís Cardoso – nasceu em Cailaco, na parte ocidental da ilha de Timor, onde viveu até 1979. Nesse ano, com 20 anos de idade, partiu para o exílio em Lisboa, prosseguiu os seus estudos e licenciou-se em Silvicultura. Entre 1992 e 1996 assumiu o cargo de representante em Portugal do Conselho Nacional da Resistência Maubere.
É considerado o primeiro romancista.timorense.
A Crónica de uma Travessia é um registo biográfico sob a forma de crónica ou de romance, constituindo uma narrativa muito interessante em que aparecem acontecimentos e protagonistas que fizeram a história recente de Timor. Li-o com muito interesse e relembrei muitos dos lugares daquela ilha, que conheci antes e depois da independência.
Num país com cerca de 3 dezenas de línguas, a recuperação do português como língua de coesão política e cultural, facilita a comunicação entre os falantes de diversos idiomas locais e torna-se um sinal distintivo, quer do inglês da Austrália, quer do bahasa da Indonésia.
A Crónica de uma Travessia é um contributo para a recuperação da língua portuguesa em Timor e um primeiro passo para a construção de uma literatura timorense de expressão portuguesa.
O seu autor – Luís Cardoso – nasceu em Cailaco, na parte ocidental da ilha de Timor, onde viveu até 1979. Nesse ano, com 20 anos de idade, partiu para o exílio em Lisboa, prosseguiu os seus estudos e licenciou-se em Silvicultura. Entre 1992 e 1996 assumiu o cargo de representante em Portugal do Conselho Nacional da Resistência Maubere.
É considerado o primeiro romancista.timorense.
A Crónica de uma Travessia é um registo biográfico sob a forma de crónica ou de romance, constituindo uma narrativa muito interessante em que aparecem acontecimentos e protagonistas que fizeram a história recente de Timor. Li-o com muito interesse e relembrei muitos dos lugares daquela ilha, que conheci antes e depois da independência.
Num país com cerca de 3 dezenas de línguas, a recuperação do português como língua de coesão política e cultural, facilita a comunicação entre os falantes de diversos idiomas locais e torna-se um sinal distintivo, quer do inglês da Austrália, quer do bahasa da Indonésia.
A Crónica de uma Travessia é um contributo para a recuperação da língua portuguesa em Timor e um primeiro passo para a construção de uma literatura timorense de expressão portuguesa.
sábado, 12 de março de 2011
Tsunami no Japão
Estão decorridas 24 horas sobre o violento terramoto que aconteceu no Japão, a que se seguiu um maremoto ou, como ultimamente se diz, um tsunami.
As impressionantes imagens dos efeitos desse fenómeno continuam a chegar-nos a casa em tempo real.
O terramoto de Dezembro de 2004 na região da ilha de Samatra e o catastrófico tsunami que se lhe seguiu no oceano Índico, trouxeram ao conhecimento comum um fenómeno natural quase desconhecido, que teve repercussão mundial devido às chocantes imagens que a comunicação global divulgou.
A enorme tragédia que agora se abateu sobre o Japão, cujas imagens também nos chegam com dramatismo e brutalidade semelhantes às que se verificaram em 2004, mostram como os homens, a sociedade, a tecnologia e o progresso são demasiado vulneráveis às forças da natureza que, como escreveu o poeta António Gedeão, “nunca ninguém as venceu”.
Estas tragédias, ocorridas em tão distantes longitudes, chocam-nos e não nos deixam indiferentes. É uma das facetas da moderna globalização.
As impressionantes imagens dos efeitos desse fenómeno continuam a chegar-nos a casa em tempo real.
O terramoto de Dezembro de 2004 na região da ilha de Samatra e o catastrófico tsunami que se lhe seguiu no oceano Índico, trouxeram ao conhecimento comum um fenómeno natural quase desconhecido, que teve repercussão mundial devido às chocantes imagens que a comunicação global divulgou.
A enorme tragédia que agora se abateu sobre o Japão, cujas imagens também nos chegam com dramatismo e brutalidade semelhantes às que se verificaram em 2004, mostram como os homens, a sociedade, a tecnologia e o progresso são demasiado vulneráveis às forças da natureza que, como escreveu o poeta António Gedeão, “nunca ninguém as venceu”.
Estas tragédias, ocorridas em tão distantes longitudes, chocam-nos e não nos deixam indiferentes. É uma das facetas da moderna globalização.
sexta-feira, 11 de março de 2011
Património lusófono
A Sociedade Histórica da Independência de Portugal organizou um ciclo de conferências intitulado “Pensar Portugal”.
No dia 9 de Março, o conferencista foi o Dr. João Loureiro, magistrado jubilado, gestor e conhecedor profundo do tema, que falou sobre “Portugal e as suas relações com os países da CPLP”.
O conferencista focalizou a sua intervenção nas relações dos países africanos de língua oficial portuguesa, no passado comum, na importância da língua portuguesa e na necessidade de ser preservado o património de origem portuguesa existente nesses países. Apoiado em elucidativas imagens, o Dr. João Loureiro defendeu a ideia de património lusófono e a institucionalização do estatuto de Património Cultural da CPLP, tendo lembrado alguns locais que mereceriam esse estatuto, nomeadamente os centros históricos da vila do Ibo (Moçambique) e da cidade de Bolama (Guiné-Bissau).
Uma ideia a desenvolver.
No dia 9 de Março, o conferencista foi o Dr. João Loureiro, magistrado jubilado, gestor e conhecedor profundo do tema, que falou sobre “Portugal e as suas relações com os países da CPLP”.
O conferencista focalizou a sua intervenção nas relações dos países africanos de língua oficial portuguesa, no passado comum, na importância da língua portuguesa e na necessidade de ser preservado o património de origem portuguesa existente nesses países. Apoiado em elucidativas imagens, o Dr. João Loureiro defendeu a ideia de património lusófono e a institucionalização do estatuto de Património Cultural da CPLP, tendo lembrado alguns locais que mereceriam esse estatuto, nomeadamente os centros históricos da vila do Ibo (Moçambique) e da cidade de Bolama (Guiné-Bissau).
Uma ideia a desenvolver.
quinta-feira, 10 de março de 2011
Ruptura ou convergência?
O Presidente da República, eleito nas eleições realizadas no dia 23 de Janeiro, tomou posse no dia 9 de Março e, naturalmente, os jornais do dia seguinte destacaram esse acontecimento.
Na cerimónia da posse presidencial, o chamado discurso da posse é, porventura, um dos actos mais simbólicos e é sempre aguardado com muita expectativa. Desta vez não foi excepção, porque o país vive uma grave crise económica e financeira, está com um elevado nível de desemprego, tem baixos índices de poupança e de investimento, suporta os vícios consumistas da sociedade e dos poderes políticos e tem um governo minoritário muito desgastado.
O discurso da posse correspondeu à generalidade das expectativas e retrata bem “ao que isto chegou”, mas causa espanto verificar como o Presidente sacudiu a água do capote, como se não tivesse sido Ministro das Finanças, depois 1º Ministro durante dez anos e Presidente da República desde 2006.
Mas o discurso tem lacunas, como por exemplo a ausência de referências ao contexto de crise internacional, além de incluir mensagens um pouco enigmáticas, como aquela do esforço colectivo, ou da resposta verdadeiramente colectiva ou do alargado consenso político e social. Uma das mais destacadas ideias da mensagem presidencial é o apelo a um sobressalto cívico, que é uma ideia bonita mas perigosa, vinda sobretudo de quem tem o dever de unir e de reforçar a coesão nacional.
O Presidente disse, ainda, que "Portugal está hoje submetido a uma tenaz orçamental e financeira – o orçamento apertando do lado da procura e o crédito apertando do lado da oferta". A anunciada viagem presidencial a Timor-Leste, Indonésia e Tailândia, com as alargadas comitivas do costume, não contribuem para aliviar a pressão dessa tenaz e não são um bom exemplo para um país que "vive uma situação de emergência económica e financeira".
Em síntese, os jornais falaram em ruptura, mas o discurso também tem sinais de convergência. Provavelmente, uma vez mais, cada um vai pensar em si e poucos vão pensar no país.
Na cerimónia da posse presidencial, o chamado discurso da posse é, porventura, um dos actos mais simbólicos e é sempre aguardado com muita expectativa. Desta vez não foi excepção, porque o país vive uma grave crise económica e financeira, está com um elevado nível de desemprego, tem baixos índices de poupança e de investimento, suporta os vícios consumistas da sociedade e dos poderes políticos e tem um governo minoritário muito desgastado.
O discurso da posse correspondeu à generalidade das expectativas e retrata bem “ao que isto chegou”, mas causa espanto verificar como o Presidente sacudiu a água do capote, como se não tivesse sido Ministro das Finanças, depois 1º Ministro durante dez anos e Presidente da República desde 2006.
Mas o discurso tem lacunas, como por exemplo a ausência de referências ao contexto de crise internacional, além de incluir mensagens um pouco enigmáticas, como aquela do esforço colectivo, ou da resposta verdadeiramente colectiva ou do alargado consenso político e social. Uma das mais destacadas ideias da mensagem presidencial é o apelo a um sobressalto cívico, que é uma ideia bonita mas perigosa, vinda sobretudo de quem tem o dever de unir e de reforçar a coesão nacional.
O Presidente disse, ainda, que "Portugal está hoje submetido a uma tenaz orçamental e financeira – o orçamento apertando do lado da procura e o crédito apertando do lado da oferta". A anunciada viagem presidencial a Timor-Leste, Indonésia e Tailândia, com as alargadas comitivas do costume, não contribuem para aliviar a pressão dessa tenaz e não são um bom exemplo para um país que "vive uma situação de emergência económica e financeira".
Em síntese, os jornais falaram em ruptura, mas o discurso também tem sinais de convergência. Provavelmente, uma vez mais, cada um vai pensar em si e poucos vão pensar no país.
quarta-feira, 9 de março de 2011
Não há dificuldades, há desafios.
Os últimos tempos têm sido financeiramente muito difíceis para Portugal e para a banca. Depois das crises do BPN e do BPP, circularam rumores de falência do Millennium BCP e, além disso, o banco ainda enfrentou questões de credibilidade e reputação.
Nestas circunstâncias de crise, o banco decidiu promover uma campanha publicitária para recuperar os graus de confiança pública e, em especial dos seus clientes, de modo a assegurar que continuem a preferir os seus serviços.
Os bancos costumam apoiar as suas campanhas publicitárias em rostos de referência e de grande notoriedade pública, pelo que o Millennium BCP escolheu o potencial mediático de José Mourinho, recentemente eleito pela FIFA como o melhor treinador de futebol do mundo, porque o público tende a associar os seus méritos aos da empresa anunciante.
Mourinho já antes tinha promovido o BPI com a frase “se não fosse para ganhar, eu não estaria aqui”. Agora, aquele que diz ” eu não sou o melhor, mas ninguém é melhor do que eu ”, empresta ao Millennium BCP mais uma frase emblemática: “para mim não há dificuldades, há desafios”.
Nestas circunstâncias de crise, o banco decidiu promover uma campanha publicitária para recuperar os graus de confiança pública e, em especial dos seus clientes, de modo a assegurar que continuem a preferir os seus serviços.
Os bancos costumam apoiar as suas campanhas publicitárias em rostos de referência e de grande notoriedade pública, pelo que o Millennium BCP escolheu o potencial mediático de José Mourinho, recentemente eleito pela FIFA como o melhor treinador de futebol do mundo, porque o público tende a associar os seus méritos aos da empresa anunciante.
Mourinho já antes tinha promovido o BPI com a frase “se não fosse para ganhar, eu não estaria aqui”. Agora, aquele que diz ” eu não sou o melhor, mas ninguém é melhor do que eu ”, empresta ao Millennium BCP mais uma frase emblemática: “para mim não há dificuldades, há desafios”.
segunda-feira, 7 de março de 2011
Um rottweiler à solta.
Um cromo verdadeiramente internacional, que viaja, viaja, viaja…
Desde a infância que sonhava com viagens, muitas viagens em executiva, com muitas mordomias e salamaleques, sempre a acumular pontos e a ganhar o estatuto de frequent flyer.
Na sua passagem pela Indonésia ganhou um elevado capital de simpatia, mas optou por desbaratá-lo pela natureza das causas que tem apoiado e pela agressividade das suas desbocadas intervenções.
Uma espécie de Passionaria, mas com tiques demasiado burgueses.
Entrou na política partidária e foi logo para Bruxelas. Depois, convenceu-se e quis governar Sintra, mas tramou-se porque os sintrenses não lhe aturaram os disparates. Continuou instalada em Bruxelas, atacando os seus próprios companheiros de partido. O Parlamento Europeu tem-lhe permitido os protagonismos de que tanto gosta, com algumas comissões e muitas viagens.
Dela disseram, ser pior que um rottweiler à solta. Lá sabem porquê.
Desde a infância que sonhava com viagens, muitas viagens em executiva, com muitas mordomias e salamaleques, sempre a acumular pontos e a ganhar o estatuto de frequent flyer.
Na sua passagem pela Indonésia ganhou um elevado capital de simpatia, mas optou por desbaratá-lo pela natureza das causas que tem apoiado e pela agressividade das suas desbocadas intervenções.
Uma espécie de Passionaria, mas com tiques demasiado burgueses.
Entrou na política partidária e foi logo para Bruxelas. Depois, convenceu-se e quis governar Sintra, mas tramou-se porque os sintrenses não lhe aturaram os disparates. Continuou instalada em Bruxelas, atacando os seus próprios companheiros de partido. O Parlamento Europeu tem-lhe permitido os protagonismos de que tanto gosta, com algumas comissões e muitas viagens.
Dela disseram, ser pior que um rottweiler à solta. Lá sabem porquê.
A correr e a saltar
Nos Campeonatos Europeus de Atletismo em Pista Coberta realizados em Paris entre os dias 4 e 6 de Março, os participantes portugueses alcançaram uma medalha de ouro (Francis Obikwelu) e uma medalha de prata (Naide Gomes).
Entre participantes de 32 países, os resultados dos atletas portugueses colocaram-se no 9º lugar no ranking das medalhas e em 11º lugar no ranking dos pontos, o que constitui um resultado desportivamente muito positivo e merecedor de elogios, até porque é uma consequência de muito trabalho e aturado treino.
Numa época em que na Europa se olha para Portugal devido sobretudo ao seu défice orçamental, dívida externa e taxa de desemprego, não deixa de ser estimulante verificar que ainda há matérias em que somos falados por boas razões.
Entre participantes de 32 países, os resultados dos atletas portugueses colocaram-se no 9º lugar no ranking das medalhas e em 11º lugar no ranking dos pontos, o que constitui um resultado desportivamente muito positivo e merecedor de elogios, até porque é uma consequência de muito trabalho e aturado treino.
Numa época em que na Europa se olha para Portugal devido sobretudo ao seu défice orçamental, dívida externa e taxa de desemprego, não deixa de ser estimulante verificar que ainda há matérias em que somos falados por boas razões.
domingo, 6 de março de 2011
Tachos dourados
As embaixadas portuguesas têm mais de 100 conselheiros e adidos técnicos nomeados politicamente. Ganham salários milionários, são equiparados a diplomatas e estão concentrados em capitais como Madrid, Washington, Londres ou Bruxelas. Aqui, no centro político da Europa, atropelam-se. São os boys e as girls do Centrão & Companhia.
Frequentemente, os cargos não se justificam e o processo de selecção e nomeação deste pessoal caracteriza-se por uma absoluta falta de transparência. Os responsáveis justificam estas nomeações através do critério da confiança política e, por isso, aos nomeados não é exigível qualidade, formação adequada ou sequer a noção do que é o serviço do Estado. E lá vão. Às vezes até cumprem. Além do salário-base tributável, recebem subsídio de representação, subsídio de habitação e outros abonos mensais por cônjuge e filhos. São entre 10 a 15 mil euros mensais. Bem bom!
Alguns deles são conhecidos e saberão do seu ofício, como Carneiro Jacinto, Maria Elisa ou Carlos Fino, mas há muitas dezenas deles que são apenas filhos, primos ou afilhados de alguém. São clientelismos mais discretos do que aqueles que temos intra-muros, mas que são verdadeiros tachos dourados. Assim, não vamos longe, porque estes abutres não deixam.
Frequentemente, os cargos não se justificam e o processo de selecção e nomeação deste pessoal caracteriza-se por uma absoluta falta de transparência. Os responsáveis justificam estas nomeações através do critério da confiança política e, por isso, aos nomeados não é exigível qualidade, formação adequada ou sequer a noção do que é o serviço do Estado. E lá vão. Às vezes até cumprem. Além do salário-base tributável, recebem subsídio de representação, subsídio de habitação e outros abonos mensais por cônjuge e filhos. São entre 10 a 15 mil euros mensais. Bem bom!
Alguns deles são conhecidos e saberão do seu ofício, como Carneiro Jacinto, Maria Elisa ou Carlos Fino, mas há muitas dezenas deles que são apenas filhos, primos ou afilhados de alguém. São clientelismos mais discretos do que aqueles que temos intra-muros, mas que são verdadeiros tachos dourados. Assim, não vamos longe, porque estes abutres não deixam.
209 mil euros a voar!
A edição de hoje do Público destaca uma notícia na capa com o título: “Estado paga 209 mil euros a grupo de trabalho que só fez uma reunião”.
Este grupo foi criado para fazer um levantamento exaustivo do património cultural imaterial português e era constituído por 5 pessoas, supostamente muito competentes na matéria.
O grupo foi agora extinto e, na sua efémera existência de menos de 14 meses, custou 209 mil euros ao erário público, que resultaram, por exemplo, do pagamento aos seus membros de uma remuneração mensal de 2613 euros, paga 14 vezes por ano.
O Ministério da Cultura justifica a extinção do grupo por razões de improdutividade dos membros do grupo, mas estes acusam o Instituto dos Museus e Conservação por não lhes ter proporcionado as condições indispensáveis ao funcionamento do grupo. É o costume: tudo a sacudir a água do capote e sem que sejam apuradas responsabilidades.
E lá se foram mais 209 mil euros dos nossos impostos!
Este grupo foi criado para fazer um levantamento exaustivo do património cultural imaterial português e era constituído por 5 pessoas, supostamente muito competentes na matéria.
O grupo foi agora extinto e, na sua efémera existência de menos de 14 meses, custou 209 mil euros ao erário público, que resultaram, por exemplo, do pagamento aos seus membros de uma remuneração mensal de 2613 euros, paga 14 vezes por ano.
O Ministério da Cultura justifica a extinção do grupo por razões de improdutividade dos membros do grupo, mas estes acusam o Instituto dos Museus e Conservação por não lhes ter proporcionado as condições indispensáveis ao funcionamento do grupo. É o costume: tudo a sacudir a água do capote e sem que sejam apuradas responsabilidades.
E lá se foram mais 209 mil euros dos nossos impostos!
sábado, 5 de março de 2011
Reabilitação urbana
A cidade de Lisboa é uma das mais belas cidades europeias, devido às suas características físicas, nomeadamente as suas peculiares sete colinas, a extensa frente ribeirinha do Tejo e a sua imponente luminosidade crepuscular, mas também pelas suas raízes históricas, as suas tradições e festividades, os bairros e as marchas populares, o cheiro da castanha assada e da sardinha, as olaias e os jacarandás, os seus miradouros e o seu património construído.
Os visitantes gostam da cidade e da sua gastronomia, dos pequenos jardins de bairro e do empedrado das calçadas, das ruas estreitas e das casas de fado, dos pastéis de Belém, do cais das Colunas e da costa do Castelo.
Porém, há uma evidente decadência patrimonial da cidade, com muitas centenas de belos edifícios desocupados e em eminente risco de derrocada que, estética e quotidianamente, magoam e entristecem os lisboetas.
A reabilitação urbana e patrimonial da cidade de Lisboa é actualmente uma imperiosa necessidade. Há que encontrar soluções urgentes e desburocratizadas para esta situação, através de intervenções coercivas ou não, com modelos de financiamento adequados e com mais ou menos incentivos. A Câmara Municipal tem, naturalmente, uma enorme responsabilidade mobilizadora e anti-especulativa nesta matéria. A reabilitação urbana e patrimonial criará muitos postos de trabalho e contribuirá para a dinamização da economia e, com ela, a cidade atenuará a actual tendência de desertificação e adquirirá um renovado dinamismo.
Os visitantes gostam da cidade e da sua gastronomia, dos pequenos jardins de bairro e do empedrado das calçadas, das ruas estreitas e das casas de fado, dos pastéis de Belém, do cais das Colunas e da costa do Castelo.
Porém, há uma evidente decadência patrimonial da cidade, com muitas centenas de belos edifícios desocupados e em eminente risco de derrocada que, estética e quotidianamente, magoam e entristecem os lisboetas.
A reabilitação urbana e patrimonial da cidade de Lisboa é actualmente uma imperiosa necessidade. Há que encontrar soluções urgentes e desburocratizadas para esta situação, através de intervenções coercivas ou não, com modelos de financiamento adequados e com mais ou menos incentivos. A Câmara Municipal tem, naturalmente, uma enorme responsabilidade mobilizadora e anti-especulativa nesta matéria. A reabilitação urbana e patrimonial criará muitos postos de trabalho e contribuirá para a dinamização da economia e, com ela, a cidade atenuará a actual tendência de desertificação e adquirirá um renovado dinamismo.
quinta-feira, 3 de março de 2011
O novo pré-pago da TMN
Um anúncio da TMN chamou-me a atenção, isto é, cumpriu o primeiro passo do processo de comunicação publicitária - chamar a atenção. Provavelmente, em relação a mim, o anúncio não cumprirá os passos seguintes: despertar o interesse, criar o desejo e conduzir à aquisição do bem ou do serviço anunciado.
A publicidade faz parte da vida contemporânea e o elemento essencial da comunicação publicitária é a mensagem.
É habitual afirmar-se que "a publicidade faz a diferença" e que, dentro de certos limites, é a mensagem publicitária e não a qualidade, utilidade ou o preço do produto ou serviço, que determinam as preferências dos consumidores. Nessas condições, cada mensagem publicitária ou cada anúncio tem uma função social e é, também, um exercício de imaginação e de criatividade para atrair o público.
Neste caso, para atrair clientes para um novo produto ou para fidelizar os actuais, a TMN decidiu associar os nomes de dois dirigentes desportivos rivais, o que nesta altura é uma improbabilidade ou mesmo um paradoxo. Mas, na publicidade, os paradoxos por vezes funcionam.
A publicidade faz parte da vida contemporânea e o elemento essencial da comunicação publicitária é a mensagem.
É habitual afirmar-se que "a publicidade faz a diferença" e que, dentro de certos limites, é a mensagem publicitária e não a qualidade, utilidade ou o preço do produto ou serviço, que determinam as preferências dos consumidores. Nessas condições, cada mensagem publicitária ou cada anúncio tem uma função social e é, também, um exercício de imaginação e de criatividade para atrair o público.
Neste caso, para atrair clientes para um novo produto ou para fidelizar os actuais, a TMN decidiu associar os nomes de dois dirigentes desportivos rivais, o que nesta altura é uma improbabilidade ou mesmo um paradoxo. Mas, na publicidade, os paradoxos por vezes funcionam.
terça-feira, 1 de março de 2011
A festa do cinema
Através de um interessante trabalho publicado pelo Diário de Notícias, ficamos a saber que o Estado paga uma média de 36 euros por cada espectador que vê um filme português.
O apoio ao cinema é um elemento essencial da política cultural do Estado, sobretudo porque se trata de uma arte que não mobiliza receitas suficientes, como sucede em geral com as artes performativas. Porém, o que se passa com o cinema português ultrapassa as regras do bom senso e da boa gestão dos dinheiros públicos. Um único filme realizado por Edgar Feldman recebeu quase 450 mil euros e teve 78 espectadores, enquanto um trabalho de Paulo Rocha teve um apoio de 648 mil euros e foi visto por 527 pessoas! O realizador Fernando Lopes recebeu mais de dois milhões de euros para fazer três filmes, que foram vistos por 14 877 pessoas, o que significa que o Estado pagou 147 euros por cada espectador.
O mundo do cinema e da crítica cinematográfica é demasiado opaco para os cidadãos comuns e, por isso, esta revelação vem mostrar como é escandalosa a afectação de dinheiros públicos ao cinema, além de mostrar, também, que os jornalistas e os críticos preferem bajular-se ao chamado cinema de autor, do que denunciar esta escandalosa realidade.
Assim, ficamos a saber que a festa do cinema não é a distribuição dos Óscares em Hollywood. A festa do cinema é aqui e, esta gente, faz a festa, lança os foguetes e ainda apanha as caninhas. Nós pagamos.
O apoio ao cinema é um elemento essencial da política cultural do Estado, sobretudo porque se trata de uma arte que não mobiliza receitas suficientes, como sucede em geral com as artes performativas. Porém, o que se passa com o cinema português ultrapassa as regras do bom senso e da boa gestão dos dinheiros públicos. Um único filme realizado por Edgar Feldman recebeu quase 450 mil euros e teve 78 espectadores, enquanto um trabalho de Paulo Rocha teve um apoio de 648 mil euros e foi visto por 527 pessoas! O realizador Fernando Lopes recebeu mais de dois milhões de euros para fazer três filmes, que foram vistos por 14 877 pessoas, o que significa que o Estado pagou 147 euros por cada espectador.
O mundo do cinema e da crítica cinematográfica é demasiado opaco para os cidadãos comuns e, por isso, esta revelação vem mostrar como é escandalosa a afectação de dinheiros públicos ao cinema, além de mostrar, também, que os jornalistas e os críticos preferem bajular-se ao chamado cinema de autor, do que denunciar esta escandalosa realidade.
Assim, ficamos a saber que a festa do cinema não é a distribuição dos Óscares em Hollywood. A festa do cinema é aqui e, esta gente, faz a festa, lança os foguetes e ainda apanha as caninhas. Nós pagamos.
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