A mesma edição do Correio da Manhã que anuncia a marcação de eleições antecipadas para o dia 5 de Junho, informa com grande destaque que os gestores da Carris utilizam carros de luxo.
O jornal sabe, seguramente, que os gestores e os quadros portugueses gostam de bons carros e que, nos últimos anos, nem o Estado, nem as empresas que tutela, resistem a essa tentação. Essa gente constitui uma parte da chamada clientela, nascida nas hostes partidárias do centrão e que quer subir na vida a qualquer preço. Eles têm ambição a mais e princípios a menos. Podiam ter como divisa o serviço público. Podiam gostar da eficiência e da modernidade empresariais, da boa gestão e da inovação, da criação de oportunidades, da criação de riqueza ou do aumento da produção. Mas não. Alimentam as suas vaidades, aumentam a suas contas bancárias e afundam o país. À margem de todo o bom senso e com total impunidade, a generalidade dos presidentes, vice-presidentes, administradores, directores, subdirectores, assessores e outros, usa carros caros, com ou sem motorista, como se o seu estatuto o justificasse e vivessemos numa sociedade feudal. E nós pagamos esses BMW, Audi e Mercedes.
Sabemos como a Carris, a RTP, a AdP e tantas outras empresas públicas, incluindo empresas municipais, hospitais e outras, mas também muitos organismos do Estado, têm renovado a sua frota automóvel com carros de luxo. É quase obsceno.
Admira-me como o Estado tolera estes abusos e a insensatez desta gente.
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