O regime de Kadhafi e a sua arrogante extravagância chegaram ao fim, mas a crise líbia prosseguirá.
Apesar de estarem confrontados com gravíssimos problemas internos, alguns líderes ocidentais esconderam-se atrás da NATO e decidiram acabar com o regime líbio ou assegurar o controlo do petróleo líbio. O papel da NATO foi crucial, apesar de não ter mandato da ONU para actuar como actuou. Obama, Cameron e Sarkozy usaram o direito da força e preferiram esta brutal solução, em vez do diálogo e da concertação ou mesmo a colocação no terreno de uma força de interposição. Teria sido mais barata, mais rápida, menos dolorosa e mais eficaz.
Assim, cada um desses frustrados líderes aparecerá às suas opiniões públicas como um verdadeiro falcão e, no caso do pequeno Sarkozy, poderá dar à França uma vitória militar, coisa que não conhecia desde há dezenas de anos.
No entanto, tem todo o sentido que nos interroguemos sobre se a via seguida pelos interesses do petróleo, semelhante há via que já tinha sido seguida no Iraque, justifica os milhares de mortos, a destruição das cidades, o desmantelamento de um país, a destruição do tecido social e o grande risco de uma incontrolável anarquia.
O Iraque deveria ter sido uma lição, mas parece que não foi. O mais fácil foi feito.
Agora virão os novos problemas, com os ajustes de contas e as vinganças que sobram sempre depois das guerras civis. Talvez a ingovernabilidade por longo tempo, com os interesses e as facções vencedoras a reivindicar parcelas do poder. Irão aparecer os radicais islâmicos, exactamente os mesmos que já se anunciaram no Egipto.
A reconstrução já está preparada pelas empresas americanas, inglesas e francesas e, muitas delas, virão directamente de Bagdad. A sua factura será paga em barris de petróleo. Os chineses não vão gostar desta partida que lhes fizeram e não se vão esquecer.
Na Líbia, como nas restantes revoltas da região, há muito mais dúvidas que certezas.
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