Embora tivéssemos vivido em abundância, tivéssemos perdido a cabeça e tivéssemos chegado a uma grave situação financeira por culpa própria, mas também dos políticos e banqueiros que nos empurraram para o limiar do consumo, as soluções que nos foram impostas há cerca de 12 meses pela troika estão a revelar-se cada dia mais chocantes.
O garrote financeiro que nos foi imposto está a atrofiar a economia e a sociedade, a gerar desemprego e pobreza, a criar instabilidade e insegurança. Estamos reféns da troika e dos mercados. Os nossos principais partidos estão manietados pelos compromissos que assumiram. Na sua ânsia de cumprir escrupulosamente a agenda liberalizante que nos foi imposta, o Estado deixou de pensar nos cidadãos e olha para as pessoas como meros contribuintes e, sempre, sob suspeita. A desorientação começa a bater à porta das famílias, que não vêem rumo para o país, nem futuro para os jovens. Bem nos podem dizer que “estamos a chegar a meio da ponte”, que o défice se está a reduzir, que a dívida está controlada e que não há outro caminho, mas talvez não seja assim. Há cada vez mais vozes a dizer que as coisas não estão a correr bem.
Assim há que encontrar outro caminho e há que encontrar imaginação para ultrapassar a nossa crise, que está entregue a contabilistas e a muitos yes men, convencidos e acomodados em lugares bem remunerados.
Porém, neste quadro de desorientação, é particularmente doloroso ver alguns dos símbolos da nossa economia a serem vendidos um pouco ao desbarato, como sucede com a EDP e a Petrogal Brasil a serem tomadas pelos chineses, o BPN a ser comprado em saldo pelos angolanos e, agora, a Cimpor a ser atacada pelos brasileiros.
É realmente um caminho doloroso!
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