Esta manhã em Lisboa, quando a partir
do Saldanha eu descia a avenida em direcção às Picoas, fui surpreendido ao
verificar que a Avenida Fontes Pereira de Melo tinha sido “rebaptizada” e que passara
a ser a Avenida Álvaro Santos Pereira, “grande obreiro da reindustrialização de Portugal”. A “nova placa sinalética” impressa sobre papel foi colocada em vários
locais de boa visibilidade e, naturalmente, percebi que se tratava de uma
iniciativa satírica dedicada ao ministro que pediu para ser apenas Álvaro.
Depois, mais abaixo, verifiquei que a Avenida da Liberdade passou
a ser Avenida Miguel Relvas, "herói
da liberdade de expressão” e vim a saber depois que, durante a noite, um
grupo de cidadãos anónimos “tinha alterado” a toponímia de algumas avenidas, ruas
e praças da cidade, para celebrar o segundo aniversário do governo, conforme
uma mensagem que esse mesmo grupo fez chegar ao semanário “Expresso”.
Soube, também, que para além daqueles dois gurus do governo, houve
outros governantes que foram escolhidos pelo humor daquele grupo de cidadãos
anónimos: a Praça dos Restauradores e o Rossio tornaram-se a Praça Pedro Passos
Coelho, o "restaurador da independência
financeira de Portugal" e a Rua Augusta foi baptizada como Rua Vítor Gaspar,
o "grande inspirador do Portugal Novo".
Os autores da iniciativa não resistiram e também elegeram os "enviados especiais"
do Goldman Sachs, respectivamente António Borges, o "grande ideólogo da competitividade de Portugal" e Carlos
Moedas, o “zeloso guardião do ajustamento
de Portugal”.
Eu aplaudo esta inteligente, oportuna e divertida sátira a mostrar
que, mesmo na eminência de um naufrágio, ainda há espaço para o humor.
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