Ao contrário do
que sucede em outras regiões do mundo onde a conflitualidade assume formas
violentas ou de guerra, na questão de Gibraltar ainda prevalece o bom senso. O problema tem
evoluído e passou de uma questão marítima localizada, para um conflito diplomático
que a União Europeia foi agora chamada a arbitrar.
Inicialmente as
autoridades espanholas protestavam pelas descargas de blocos de cimento feitas
em águas espanholas, com o objectivo expresso de criar um recife artificial destinado
a regenerar a fauna marinha, mas os pescadores espanhóis reagiram porque estava
a ser destruída uma das suas melhores zonas de pesca, enquanto Gibraltar não
tem sequer frota pesqueira. Como reacção, as autoridades espanholas reforçaram
os controlos fronteiriços o que provocou uma fila diária de milhares de
viaturas e muitas horas de espera, ao mesmo tempo que ameaçavam impor uma taxa
de passagem de 50 euros a todos os turistas e habitantes de Gibraltar
residentes em Espanha, que serão cerca de 7 mil e beneficiam de generosos privilégios
fiscais.
Agora, a Espanha
exige que as autoridades de Gibraltar retirem os blocos de cimento e desistam
da criação do recife artificial mas, também, que actuem sobre o paraíso fiscal
que é o seu território e sobre o contrabando de tabaco, os tráficos ilícitos e,
em especial, sobre o branqueamento de capitais.
A pedido de
Cameron e Rajoy, a Comissão Europeia aceitou arbitrar este conflito diplomático,
embora a Grã-Bretanha não deixe de mostrar a sua vertente musculada. Numa missão
oficialmente classificada de rotina, a fragata o H.M.S.
Westminster atracou ontem em Gibraltar e a imprensa espanhola destacou esse
facto com fotografias na primeira página, a recordar que a política da canhoneira
ainda pesa muito ou que a mais eficiente arma diplomática que um país pode ter
é a sua Navy.
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