Prossegue a saga
da manipulação discursiva e da mentira descarada que o governo tem usado e, nesse aspecto, é
bom lembrar as declarações feitas no dia 1 de Abril de 2011 em Vila Franca de
Xira pelo então candidato a primeiro-ministro:
- Vai tirar os subsídios de férias aos nossos pais?
- Nós nunca falámos disso. Isso é um disparate!
Com a vitória eleitoral, a mentira instalou-se no discurso governamental.
Passou a valer tudo, contrariando-se os programas e as promessas eleitorais, aceitando-se a
humilhação perante a troika e desafiando-se
muitas vezes o próprio Tribunal Constitucional (TC). Quase três anos de
austeridade e sacrifício não resolveram as nossas dificuldades. Agora, para tapar o "buraco" orçamental de
388 milhões de euros (0,2% do PIB) criado pelo chumbo do TC à convergência de
pensões do sistema público com o privado, o governo decidiu alargar a base de
incidência da Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES) e reforçar o
autofinanciamento da ADSE, isto é, atacar sempre os mesmos. É uma obcessão e um
fanatismo esta perseguição aos pensionistas. Podiam ir aos lucros monumentais
da EDP e similares, às PPP da Mota-Engil, do grupo Espírito Santo e do grupo
Mello, às rendas excessivas, aos swaps
e, para dar o exemplo, cortar no despesismo dos gabinetes ministeriais e do
parlamento. Mas não. Insistem na mesma austeridade contra os mesmos. O
irrevogável ministro esqueceu tudo o que disse em Maio sobre “a fronteira que não posso deixar passar” e sobre “o
cisma grisalho”. Vale tudo. A mentira continua e é cada vez mais sofisticada,
porque o governo anuncia que não haverá mais aumento de impostos, mas na
realidade o que ontem foi anunciado é
um segundo imposto sobre o rendimento pessoal dos pensionistas, violando assim
o preceito constitucional de este imposto ser único.
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