sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

A mentira e o ataque aos pensionistas

Prossegue a saga da manipulação discursiva e da mentira descarada que o governo tem usado e, nesse aspecto, é bom lembrar as declarações feitas no dia 1 de Abril de 2011 em Vila Franca de Xira pelo então candidato a primeiro-ministro:
- Vai tirar os subsídios de férias aos nossos pais?
- Nós nunca falámos disso. Isso é um disparate!
Com a vitória eleitoral, a mentira instalou-se no discurso governamental. Passou a valer tudo, contrariando-se os programas e as promessas eleitorais, aceitando-se a humilhação perante a troika e desafiando-se muitas vezes o próprio Tribunal Constitucional (TC). Quase três anos de austeridade e sacrifício não resolveram as nossas dificuldades. Agora, para tapar o "buraco" orçamental de 388 milhões de euros (0,2% do PIB) criado pelo chumbo do TC à convergência de pensões do sistema público com o privado, o governo decidiu alargar a base de incidência da Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES) e reforçar o autofinanciamento da ADSE, isto é, atacar sempre os mesmos. É uma obcessão e um fanatismo esta perseguição aos pensionistas. Podiam ir aos lucros monumentais da EDP e similares, às PPP da Mota-Engil, do grupo Espírito Santo e do grupo Mello, às rendas excessivas, aos swaps e, para dar o exemplo, cortar no despesismo dos gabinetes ministeriais e do parlamento. Mas não. Insistem na mesma austeridade contra os mesmos. O irrevogável ministro esqueceu tudo o que disse em Maio sobre “a fronteira que não posso deixar passar” e sobre “o cisma grisalho”. Vale tudo. A mentira continua e é cada vez mais sofisticada, porque o governo anuncia que não haverá mais aumento de impostos, mas na realidade o que ontem foi anunciado é um segundo imposto sobre o rendimento pessoal dos pensionistas, violando assim o preceito constitucional de este imposto ser único.

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