Depois de cerca de dois meses de contestação e de um
levantamento com grande apoio popular
nas ruas de Kiev e de outras cidades ucranianas com barricadas e ocupação de edifícios, a situação teve ontem uma
evolução significativa, quando o governo se demitiu e o Parlamento revogou as
leis que permitiram a repressão do protesto popular.
Poderá, assim, abrir-se uma porta para o fim da crise ucraniana, embora a oposição continue a exigir a amnistia para os detidos
nos protestos, a revisão da Constituição e a marcação de eleições presidenciais
antecipadas, pois continuam sem confiar no Presidente Victor Yanukovich. O que
está em causa parece ser uma clivagem profunda da sociedade ucraniana, dividida
entre uma ligação preferencial à Rússia e a adesão à União Europeia, mas também
muitas divergências quanto ao futuro do leste da Europa. A crise começou quando
o presidente ucraniano Yanukovich decidiu não assinar um acordo de associação
com a União Europeia, optando por uma união alfandegária proposta pela Rússia, o
que provocou manifestações pró-europeias que alastraram e se têm agravado. Ontem a situação acalmou, mas a estabilidade da Ucrânia
e da Europa continuam ameaçadas. Por isso, ontem o presidente russo Vladimir Putin esteve em
Bruxelas e a comissária europeia Catherine Ashton esteve em Kiev. Tanto a União Européia como
a Rússia têm interesse em que a situação se resolva com rapidez, antes que atinja
proporções mais graves. Hoje, no Parlamento, o primeiro presidente do país desde a independência
conquistada em 1991, Leonid Kravchuk, afirmou que a Ucrânia está “à beira de
uma guerra civil” em consequência do confronto entre as autoridades e os
opositores, generalizado a todo o país. Era a única coisa que ainda não tinha
sido dita com tanta clareza.
A Ucrânia é um grande país com
600 mil km2 de superfície e mais de 45 milhões de habitantes.
Geograficamente é um país distante, mas desde que mais de 40 mil ucranianos trabalharam
ou trabalham em Portugal, todos ficamos mais inquietos com o que se está a
passar e o que pode vir a acontecer naquele país, com cujas gentes nos habituamos a conviver.
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