Realizaram-se
ontem as eleições primárias do PS cuja campanha animou os últimos meses e, como
hoje dizia o editorial do Diário de Notícias, “nem sempre quem
ganha é o mais preparado e o melhor. Mas aconteceu...”
António Costa
ganhou com cerca de 65% dos votos e, com este resultado esmagador abre-se um
novo ciclo político, porque a maioria está cansada e exausta, mentiu demasiadas
vezes aos portugueses, empobreceu o país, dirigiu uma cruzada contra funcionários
públicos e pensionistas, afundou-se em casos complicados e não resolveu (antes
agravou) os nossos principais problemas, como a dívida, o défice, o desemprego,
a coesão social e a confiança dos portugueses, para além de se ter deixado
humilhar perante os nossos parceiros internacionais. A vitória de António Costa
é um sinal de esperança mas não resulta apenas da confiança que suscita nos
portugueses, pois também tem de ser interpretada como uma evidente vontade de
afastar do poder a actual maioria e muitos dos seus protagonistas inexperientes,
ambiciosos, incompetentes e arrogantes. Por isso, esta vitória tem que ser
vista como um sinal de esperança e de mudança, mas também da criação de novas
condições de diálogo com todas as forças políticas parlamentares e do fim da expressão
“arco da governação”, que tanto tem servido a Portas e à sua corte para se
instalarem.
António Costa tem pela frente um desafio complexo, em que o
primeiro passo deverá ser a mobilização dos portugueses para que recuperem a
confiança no seu país, depois dos tempos bem difíceis em que têm vivido. Além disso,
espera-se que este homem tenha uma proposta e nos ofereça uma alternativa de mudança,
com uma política que apoie o crescimento e o emprego, que ataque a dívida com
soluções realistas, que reforce o Estado social e que reforme o sistema político
e a administração pública. O mais difícil para António Costa será demarcar-se
de práticas políticas já gastas, do aparelhismo a que está ligado e da sua capacidade para resistir aos jobs for the boys (como o seu amigo Guterres não resistiu), mas também de se deixar transformar numa espécie
de François Hollande, que tendo devolvido a esperança aos franceses, os
desiludiu depois. Porém e para já, sopra um vento de esperança.
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