Durante muitos
anos habituei-me a ver na televisão um tal António Monteiro como porta-voz da
TAP. Era ele que "dava a cara" e que falava das greves, dos atrasos e dos problemas que por vezes apareciam
na companhia e que afectavam o público. Nos últimos tempos, com a teimosia
governamental em privatizar a TAP e com a prolongada greve dos pilotos, o
porta-voz Monteiro que é um funcionário da TAP, parece ter sido substituido
pelo porta-voz Monteiro que é, nada mais nada menos que o licenciado Sérgio
Monteiro, o Secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e
Comunicações.
Este porta-voz Monteiro, que também é
Secretário de Estado, é um homem de quem se conhece pouco, embora se saiba que
é militante partidário e que, por isso, rapidamente se encaixou e chegou ao conselho
de administração do CaixaBI, isto é, o Banco de Investimento do Grupo Caixa
Geral de Depósitos. Segundo se lê, foi no exercício dessas funções que, no
tempo do governo socialista, “desenhou, geriu ou cofinanciou todas as PPP
ruinosas contratualizadas em Portugal nos últimos anos”. Um dia, o famoso
Miguel Relvas veio dizer que "as PPP do sector rodoviário são uma verdadeira
ruína para o país” e são exactamente essas PPP, que valem 5,5 mil milhões de
euros, que hoje são tuteladas pelo mesmo Sérgio Monteiro. O homem serve para
tudo e para o seu contrário! Nas suas actuais funções, coube-lhe renegociar
essas PPP que antes tinha negociado e, além disso, gerir as privatizações da
ANA, CTT, CP Carga e TAP. Será possível fazer tudo isto sem afectar o interesse nacional? Há quem lhe chame o Senhor Privatizações pela forma
empenhada e obcecada como se comporta, sobretudo quando se deslumbra com os
microfones à sua frente. No caso da TAP, tem sido ele a substituir a
administração da companhia e a informar sobre o”insucesso da greve”, sobre o número
de voos realizados, sobre os prejuízos acumulados, sobre tudo. Afinal, ele é
que é o porta-voz da TAP, calando o outro Monteiro, o presidente Pinto e até o ministro
Lima.
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