Ontem, o
indivíduo que exerce as funções de
Presidente da República Portuguesa anunciou a indigitação do actual
primeiro-ministro para formar governo, pois o seu partido foi o mais votado nas
eleições de 4 de Outubro. Foi uma decisão esperada e legítima, apesar de haver
muitas vozes a afirmar que “foi uma perda de tempo”. Poderia ter ficado por aí,
mas o homem que veio de Boliqueime quis ir mais longe ao renunciar ao seu
papel de árbitro e ao acrescentar à sua mensagem algumas verdadeiras
barbaridades. Como se costuma dizer, em vez de pacificar a complexa situação
que atravessamos, lançou muita gasolina para a fogueira da disputa partidária. Foi
um péssimo e lamentável serviço ao país. Tirou a máscara da neutralidade e da
imparcialidade e, nesta hora difícil, revelou estar ao serviço do seu partido e
refém dos seus ódios, que aliás já revelara no seu famoso discurso de posse.
O que
Cavaco disse revelou a pequenez de um homem e a sua definitiva incompreensão
quanto ao papel de moderador que os portugueses lhe confiaram. Sem
disfarçar a sua fúria, Cavaco espumou e fez afirmações de grande gravidade
contra a esquerda portuguesa, que contabiliza agora 62% dos votos do eleitorado, quase lançando para a “clandestinidade” o PCP e o
BE e, como escreveu um comentador, só faltando mandar avançar as canhoneiras contra a Soeiro Pereira Gomes e
a Rua da Palma e, cercar o Largo do Rato para vergar o PS, acrescento eu. O indivíduo não se ficou por aí e desatou a mostrar a sua fúria
contra o PS por não ter chegado a acordo com o PSD e a sua sanguessuga. No seu
partido só esses génios da boçalidade que são Marco António Costa e Luís
Montenegro tinham ido tão longe. Depois, de uma forma grosseira,
antidemocrática e anticonstitucional, decidiu intervir com uma desapropriada
pressão sobre o Parlamento no sentido de aliciar ou convencer alguns dos
deputados do PS a aprovar o programa do do PSD e da sua sanguessuga e a votar
contra o seu compromisso eleitoral.
Foi um
discurso desapropriado e que nos envergonha. E ainda teremos Cavaco por mais 91
dias!
Há-de sair pela porta baixa esta deplorável amostra de PR.
ResponderEliminarParabéns pelo artigo!!
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