O resultado das
eleições de ontem foi inequívoco e os eleitores escolheram a continuidade em
vez da mudança, embora o caminho agora seja bem mais estreito do que aquele que
o governo tinha percorrido desde 2011. O governo levou um cartão amarelo,
quando se esperava que levasse um cartão vermelho, bem merecido pelas suas
malfeitorias e manipulações dos últimos quatro anos. Acabou-se o tempo da
arrogância da maioria e do desprezo pela oposição. A partir de agora, a cultura
da negociação e do compromisso tem que ser a norma. No entanto, alguns símbolos
desse tempo de treva que disseram ser de luz, como o Ministro..., o Secretário
de Estado... e o Deputado... vão continuar a atravessar-se no nosso caminho e a incomodar o nosso quotidiano.
Os
portugueses são um povo bonzinho que se deixou levar, mas que depois não se pode queixar. A sua vontade democrática surpreendeu, mas a vida é assim e o povo é
quem mais ordena. A austeridade não passou por cá. Nem as mentiras, o brutal
aumento de impostos, o enorme desemprego, a emigração em massa, o corte nas
pensões, o aumento da dívida, o corte nos salários, a submissão à Europa, o
engano sobre a solidez do BES, as privatizações ideológicas, o aumento colossal da
pobreza, os atrasos nas escolas, a confusão nos hospitais, a desmoralização nas
polícias, a triste memória do Relvas ou o irrevogável que se vendeu por um cargo e não foi capaz de fazer a reforma do Estado. Os
portugueses parece terem perdoado quase tudo a esta gente.
Embora o melhor
resultado tivesse sido uma votação que permitisse a escolha de um governo de
maioria absoluta que garantisse a estabilidade política necessária para
enfrentar a carga de trabalhos que aí vem, os portugueses escolheram outra
solução e o resultado são várias maiorias e minorias que se cruzam, ou não cruzam. Vêm aí
tempos politicamente muito difíceis e, qualquer dia, lá teremos novas eleições, porque a história que nos
venderam de que estamos no bom caminho é uma treta. Isto não está nada bem. A nossa dívida aumentou
muito nos últimos quatro anos, não houve investimento, nem há uma efectiva criação
de emprego. Agora que acabaram a campanha eleitoral e a propaganda, acordemos para o estado da nação. Enfrentemos pois a
difícil realidade que 38% dos portugueses escolheram, num Portugal mergulhado
numa Europa sem rumo.
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