quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Semearam ventos, vão colher tempestades

Ainda estão gravadas nos nossos ouvidos as repetidas afirmações da propaganda do governo de que tudo estava a correr bem, que as exportações batiam recordes, que os turistas inundavam o nosso país, que a economia tinha começado a crescer, que os cofres estavam cheios. Da mesma forma, ainda nos lembramos do optimismo reinante, das atoardas contra os adversários, dos inúmeros avisos para que não voltássemos para trás. Agora, passada a fase do vale tudo e da propaganda anestesiante, começam a aparecer as facturas para pagar e, logo no dia seguinte, essas sinistras figuras do Schäuble e do Dijsselbloem, já se permitiam exigir que lhes fosse enviado o nosso orçamento até ao próximo dia 15 e até as agências de rating se permitiram mandar avisos. Afinal, quando ainda estão por apurar os resultados do círculo eleitoral da emigração, já se pode verificar que o governo levou uma boa tareia e perdeu cerca de 800 mil votos e cerca de 25 deputados. O Portas e o seu partido deixaram de ser precisos ao PSD e, mais dia menos dia... Como é que se pode falar em vitória e como é que se pode ter tanto optimismo, quando a situação que temos pela frente é bem grave?
Ontem, quando ainda faltam 107 dias para deixar Belém, tivemos mais uma prova da mediocridade política e da completa ausência de neutralidade do homem que veio de Boliqueime. Antes de ter “ouvido os partidos políticos” como manda a Constituição que jurou cumprir, o homem que faltou às comemorações do 5 de Outubro resolveu encarregar o chefe do seu partido de “desenvolver diligências” para conseguir uma solução com “estabilidade política e governabilidade”, ao mesmo tempo que ignorava a existência dos outros partidos com representação parlamentar. Que habilidoso! Que chico-esperto! Então o homem esqueceu-se de que há mais partidos no Parlamento, os  quais se afirmaram contra a política que tem sido seguida e até representam cerca de 62% do eleitorado? Porém, o PS que tão insultado foi durante a campanha eleitoral e passou de 73 para 85 deputados (mais 16%), já veio dizer que rejeita essa ideia do “arco da governação” e que vai negociar com todos os partidos com expressão parlamentar. Faz muito bem. Eles semearam ventos, vão colher  tempestades.

1 comentário:

  1. Completamente de acordo, agora é que vai começar a verdadeira saga, se não tivermos a "grande" surpresa de um bloco central...
    Vou partilhar

    ResponderEliminar