quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Caiu o governo. O povo estava farto dele

Ontem o governo português caiu. A queda do governo é um acontecimento normal em democracia, porque aconteceu “a aprovação de uma moção de censura por maioria absoluta dos Deputados em efectividade de funções” (alínea f do artigo 198º da Constituição). Nos termos constitucionais, o governo carece do apoio da maioria da Assembleia da República e o XX Governo Constitucional não teve esse apoio. Durou 11 dias. Caiu.
Ora o governo caiu porque não percebeu que 62% da população estava farta dele. Caiu porque no dia 5 de Outubro os seus parceiros assinaram apressadamente um acordo de governo, que inviabilizou quaisquer soluções governativas ao centro. Passos e Portas “embebedaram-se” com os seus 38% de votos que não esperavam e esqueceram-se que é a Assembleia da República quem mais ordena. Foi um tremendo erro político. 
À volta da queda do governo desenharam-se todo o tipo de opiniões e todo o tipo de argumentos, a favor ou contra o que aconteceu. Todas mais ou menos respeitáveis. Porém, o que mais surpreende é a contínua e mentirosa mistificação conduzida por uma verdadeira matilha de comentadores televisivos e de jornalistas-comentadores, qual matilha de U-boats a atacar um comboio aliado, que vive encostada à ex-maioria PSD/CDS e aos favores que esta lhe fez durante os últimos anos com avenças e viagens. São muitos, são demasiados. Repetem à exaustão a sua mensagem e os mesmos argumentos contra o PS e contra António Costa, com uma linguagem que, muitas vezes, é demasiado grosseira. Insultam e difamam. Distorcem e manipulam. Em vez de serenarem a população com o esclarecimento de que as eleições legislativas servem para escolher deputados e que não servem para escolher primeiros-ministros, essa gente prefere alinhar na main stream contra o PS e repete que perdeu as eleições, que tem ambição de poder, que não respeita os compromissos internacionais, que vai trazer-nos a troika novamente e que os mercados não vão aceitar esta solução. Assustam o povo.  Ameaçam. São os mais indecorosos protagonistas da nossa política.
Nomes? Ligue a televisão e escolha.

1 comentário:

  1. Assino por baixo.
    Saberá o país resistir a essa campanha insidiosa e desgastante que por certo não vai parar?
    Haverá senso e sentido de Estado nos nossos responsáveis máximos pelos destinos colectivos? Ou continuarão muitos deles a colocar despudoradamente os seus interesses e os dos seus partidos à frente dos do povo que dizem (e têm obrigação) de defender?

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