Ontem o governo
português caiu. A queda do governo é um acontecimento normal em democracia, porque
aconteceu “a aprovação de uma moção de censura por maioria absoluta dos Deputados
em efectividade de funções” (alínea f
do artigo 198º da Constituição). Nos termos constitucionais, o governo carece
do apoio da maioria da Assembleia da República e o XX Governo Constitucional
não teve esse apoio. Durou 11 dias. Caiu.
Ora o governo
caiu porque não percebeu que 62% da população estava farta dele. Caiu porque no
dia 5 de Outubro os seus parceiros assinaram apressadamente um acordo de
governo, que inviabilizou quaisquer soluções governativas ao centro. Passos e
Portas “embebedaram-se” com os seus 38% de votos que não esperavam e
esqueceram-se que é a Assembleia da República quem mais ordena. Foi um tremendo
erro político.
À volta da queda
do governo desenharam-se todo o tipo de opiniões e todo o tipo de argumentos, a
favor ou contra o que aconteceu. Todas mais ou menos respeitáveis. Porém, o que
mais surpreende é a contínua e mentirosa mistificação conduzida por uma
verdadeira matilha de comentadores televisivos e de jornalistas-comentadores,
qual matilha de U-boats a atacar um
comboio aliado, que vive encostada à ex-maioria PSD/CDS e aos favores que esta
lhe fez durante os últimos anos com avenças e viagens. São muitos, são
demasiados. Repetem à exaustão a sua mensagem e os mesmos argumentos contra o
PS e contra António Costa, com uma linguagem que, muitas vezes, é demasiado
grosseira. Insultam e difamam. Distorcem e manipulam. Em vez de serenarem a
população com o esclarecimento de que as eleições legislativas servem para
escolher deputados e que não servem para escolher primeiros-ministros, essa
gente prefere alinhar na main stream
contra o PS e repete que perdeu as eleições, que tem ambição de poder, que não
respeita os compromissos internacionais, que vai trazer-nos a troika novamente
e que os mercados não vão aceitar esta solução. Assustam o povo. Ameaçam. São os mais indecorosos protagonistas
da nossa política.
Nomes? Ligue a televisão e escolha.
Assino por baixo.
ResponderEliminarSaberá o país resistir a essa campanha insidiosa e desgastante que por certo não vai parar?
Haverá senso e sentido de Estado nos nossos responsáveis máximos pelos destinos colectivos? Ou continuarão muitos deles a colocar despudoradamente os seus interesses e os dos seus partidos à frente dos do povo que dizem (e têm obrigação) de defender?