Num relatório publicado esta semana e que foi analisado pelo jornal Público, os responsáveis do FMI olharam para a forma como foram desenhados e implementados os programas aplicados durante o período de 2008 a 2015 e verificaram os resultados obtidos, assumindo que teria sido melhor fazer logo à partida uma reestruturação das dívidas públicas demasiado elevadas, como é o caso da portuguesa De entre os programas analisados está o programa da troika aplicado em Portugal entre 2011 e 2014, no qual o FMI desempenhou um papel fundamental, tanto em termos de financiamento, como de definição das políticas a seguir. E a conclusão é óbvia: o FMI, a troika e aqueles que lhes deram total apoio falharam. Essas falhas resultaram de um brutal irrealismo em relação às realidades económicas e sociais, de uma expectativa demasiado elevada em relação ao efeito das reformas estruturais que foram incapazes de executar, de uma consolidação orçamental demasiado rápida e de um enorme erro no que respeita ao tratamento da resolução da dívida pública. Lamentavelmente, nada acontece aos responsáveis por este trabalhinho, nem a quem tão fanática e acaloradamente os apoiou, embora estes tenham sido postos fora do governo. É bom recordar que em Março de 2014, alguns meses antes do fim do “programa de ajustamento” e da treta da “saída limpa”, um grupo de setenta personalidades de diferentes quadrantes políticos subscreveu um manifesto em que defendeu a chamada “reestruturação responsável da dívida”, como condição para acabar com a política da austeridade pela austeridade, sem a qual não será possível o crescimento e o emprego. Nesse manifesto era feito um apelo para que o nosso país encetasse esforços junto dos seus parceiros europeus para preparar uma reestruturação da dívida pública, que há pouco tempo estava em 7,239 mil milhões de euros só em pagamento de juros. O fanatismo neo-liberal não lhes deu ouvidos e, agora, apesar do mea culpa do FMI, os responsáveis por esses desvarios andam por aí a falar, provavelmente sem perceberem o mal que nos fizeram .
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