Nos últimos anos
temos sido confrontados com um verdadeiro assalto a tudo o que garanta poder e
dinheiro, sobretudo bancos e empresas, numa acção executada por gente
gananciosa e sem escrúpulos, muitas vezes disfarçada sob a capa de iluminadas
competências de gestão. Ao longo de nove séculos de história, não há memória de alguma
vez a Nobreza ou o Clero terem roubado o Povo e assaltado o país, como tem sido
feito agora por uma nova classe de burlões, que pomposamente se classificam
como empresários ou como gestores. Geralmente vieram da província, passaram por
uma qualquer universidade onde conquistaram um qualquer canudo, inscreveram-se
num partido político para ter emprego, primeiro no Estado ou até com um lugar subalterno no
Parlamento e, depois, foi sempre a somar. Hoje são ricos e influentes, estando convencidos de pertencerem a uma qualquer elite ao exibirem as
suas mansões, os seus carros e as suas viagens.
As vergonhas já
são tantas que nem vale a pena enumerá-las. Foram as privatizações ideológicas
e os créditos mal avaliados. Foram os negócios e os favores, com a cumplicidade da imprensa e dos
jornalistas que abdicaram do seu dever de
informar e esqueceram o meu direito a
ser informado. Os boys tomaram
conta disto tudo. Há muitos milhões de euros que ninguém sabe onde estão, devorados
no BPN e no BES, no BCP e no BANIF. Os responsáveis andam por aí. Acumulam
cargos e cargos. Muitos continuam a enriquecer de forma obscura.
Agora saltou-nos ao
caminho o caso CGD, a mesma entidade que numa conta de três ou quatro mil euros
me roubou durante muitos meses e sem me avisar, cinco euros mensais para
despesas de manutenção, ao mesmo tempo que distribuia milhões sob a forma de
créditos aos amigos. Que promiscuidade. Que burla. Que vergonha. Não é caso
para Comissões de Inquérito que não servem para nada. É mais um caso para a
Justiça, para acabar com a impunidade e para que as fortunas indevidamente acumuladas sejam devolvidas por quem delas se apossou.
Não posso estar mais de acordo contigo.
ResponderEliminarEspanta-me (nos) que tanta tropelia sem-vergonha, descarada, do domínio público em termos de conhecimento, não tenha ninguém com poder que tenha a coragem de lhe procurar pôr cobro. Ou não, já que sabemos os interesses em jogo serem tais que não hesitarão em cilindrar, crucifixar, enlamear quem quer que tenha essa veleidade (ou ingenuidade...).
É triste, angustiante e com um sentimento de impotência de muitos de nós, ver a nossa geração entregar o quarto à seguinte desta forma.
Continuemos porém, no nosso metro quadrado, a fazer o que pudermos, com a força que nos resta, a lutar contra esta corrente asquerosa.