O
terrorismo conduzido por grupos radicais está a martirizar a Europa e, em
especial, a França. Desta vez aconteceu em Nice, durante as celebrações do Dia
Nacional da França, quando uma viatura pesada percorreu a avenida marginal da
cidade a alta velocidade e, de forma deliberada, atropelou mortalmente algumas
dezenas de pessoas.
Antes, a
mesma crueldade tinha acontecido em carruagens do metropolitano, em casas de
espectáculos ou em aeroportos, com o objectivo específico de espalhar o terror
e o medo no seio da sociedade. A ameaça terrorista persiste e a insegurança
está cada vez mais instalada nas nossas vidas. O problema do combate ao
terrorismo não é francês nem belga, nem espanhol ou alemão. É um problema
europeu, porque foi a Europa que criou as condições para o aparecimento desta
triste realidade com as suas políticas económicas e sociais persistentemente
erradas que se têm revelado incapazes de promover o crescimento económico e o
emprego, ao mesmo tempo que se tornou refém dos mercados financeiros e dos especuladores. Os refugiados que fogem à guerra e à pobreza, fatalidades de que a
Europa não pode excluir responsabilidades, vieram juntar-se aos milhões de
europeus desempregados e sem futuro, muitos deles oriundos dos países do sul e,
em especial, das regiões magrebinas.
Durante
décadas a Europa utilizou essa mão-de-obra barata para crescer economicamente,
mas nem sempre terá sido suficientemente justa com as suas políticas sociais de
integração. Agora, sofre as consequências e vive um tempo de estagnação que, por
vezes, até mostra sinais de declínio. Neste desesperante quadro que se agrava
quotidianamente, como mostram os trágicos acontecimentos de Nice, há meia dúzia
de burocratas europeus que insistem nas sanções a Portugal, porque em 2015 o
défice orçamental ficou em 3,2% e excedeu em 0,2% o limite imposto pelo tratado
orçamental. Nem o famoso Ministro da Informação de Saddam Hussein a anunciar
vitórias iraquianas quando as tropas americanas entravam em Bagdadd, mostrou
tanta cegueira!
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