Mais
uma vez percorro as belas paisagens das ilhas do grupo central açoriano, sem
nunca me cansar de olhar o horizonte, a ilha em frente, o aspecto do mar, as
encostas verdejantes, as pedras negras, os recortes da costa e, sobretudo, a
imponente montanha do Pico que é a maior referência física destas ilhas.
Releio
sempre As Ilhas Desconhecidas, um dos mais importantes livros de viagem
portugueses, escrito por Raul Brandão quando em 1924 efectuou uma visita aos
Açores, no qual descreve a ilha do Pico como “a mais bela, a mais
extraordinária ilha dos Açores, duma cor admirável e com um estranho poder de
atracção”. Raul Brandão tinha razão ou estava muito próximo dela, porque apesar
do progresso que tem percorrido a ilha, os seus traços culturais estão
preservados em muitas práticas quotidianas, nas memórias dos mais velhos ou foram
musealizados.
Agora
que as invernias atlânticas retiraram para outras regiões e o sol inunda os
dias durante muitas horas, o Pico revela uma paisagem invulgarmente variada e
colorida. É o tempo das grandes festas religiosas e profanas, das exibições das
filarmónicas e dos grupos de chamarritas e da visita dos familiares que vivem
nos Estados Unidos e no Canadá. O Pico começa a tornar-se um destino turístico
cosmopolita e há cada vez mais turistas que vêm conhecer as ilhas mais
ocidentais da Europa, muitos deles para cumprir a aventura de uma subida até
aos 2.351 metros de altitude da montanha. Alguns deles, sobretudo franceses e
alemães, compraram casas antigas, restauraram-nas e decidiram fixar-se em
permanência na ilha, para viver uma vida mais tranquila e mais sadia. Em boa
verdade, com o progresso e com a vulgarização das viagens aéreas, já não
há mau tempo no canal.
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