No mesmo dia em
que o Conselho de Segurança das Nações Unidas escolheu António Guterres para
seu secretário-geral por unanimidade e aclamação, o semanário francês Politis
centra a sua edição na “Europe des profiteurs” e destaca na sua primeira
página a fotografia de José Manuel Barroso, o ex-presidente da Comissão
Europeia.
Fui ao Micro
Robert, o meu dicionário de francês, para saber o significado exacto daquela palavra
“profiteur” e verifiquei que significa “personne qui tire des profits
malhonnêtes ou immoraux de quelque chose”. Fiquei estarrecido! No mesmo dia em
que a comunidade internacional elogiava e enaltecia a figura exemplar de
António Guterres e que o nosso orgulho passava por um raro momento de
entusiasmo colectivo, um semanário francês com uma circulação de algumas
dezenas de milhar de exemplares revela alguns detalhes sobre “l’avidité et
l’affairisme” dos ex-comissários europeus e destaca a promiscuidade entre os
interesses das grandes instituições financeiras e as autoridades comunitárias
que, segundo salienta o semanário, já não surpreende ninguém.
A figura central
dessas críticas é José Manuel Barroso, o homem que aceitou aliar-se à Goldman Sachs
pelo dinheiro que lhe ofereciam. Para ele, não houve princípios nem valores. Apenas a febre do dinheiro. Porém, o semanário vai mais longe e informa que no
próximo dia 12 de Outubro, os sindicatos dos antigos funcionários europeus irão
remeter aos presidentes das três instituições da União Europeia uma petição, na
qual reclamam “medidas fortes e exemplares contra José Manuel Barroso por se
ter ligado à Goldman Sachs”, a qual é feita em sete línguas e já recolheu 150
mil assinaturas. Uma vergonha!
O contraste entre
estes dois antigos primeiros-ministros de Portugal não podia ser mais evidente:
um deles entra nas Nações Unidas por unanimidade e aclamação, enquanto outro entra
no Goldman Sachs ganancioso e sem princípios, mas humilhado e ridicularizado pela imprensa e pela opinião públicas mundiais. Um grande e um pequenino. Como é possível haver quem seja capaz de comparar estes dois
homens, como têm feito nas últimas horas alguns políticos muito medíocres e
analfabetos que por aí andam.
De maoista incendiário a consultor da Goldman Sachs. Uma trajectória de alpinismo social e ambição desmedida em proveito próprio, mesmo que isso signifique atirar a sua terra e os seus compatriotas para o lodo, de pô-los na lista de alvos do terrorismo e na fila para os justos castigos do diktat alemão. O país poderia até estar de tanga, mas a tanga era ele!
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