A Catalunha é uma
das 17 comunidades autónomas de Espanha, tem língua, história e cultura próprias e, também, tem a aspiração
de se tornar um estado independente. É uma história que tem alguns séculos e
que terá começado quando, na segunda metade do século XVI, o rei Fernando de
Aragão casou com a rainha Isabel de Castela, levando à unificação da Espanha, que
passou a integrar a Catalunha. Mais tarde, com a guerra da Sucessão em que a
Europa e a Espanha se dividiram, aconteceu o cerco de Barcelona e a sua
rendição no dia 11 de Setembro de 1714. A soberania catalã foi então abolida e
foram impostos a língua e os costumes castelhanos, fazendo da Catalunha uma “província
espanhola” tutelada por Madrid. Quando em 1931 a Espanha se tornou uma
república, a Catalunha voltou a conquistar a autonomia, mas perdeu-a com a
ditadura franquista. A restauração da democracia trouxe a autonomia de novo à
Catalunha em 1979.
A Catalunha tem,
portanto, um arreigado e secular sentimento independentista e as aspirações
catalãs não podem ser ignoradas. Porém, como não estamos no tempo de
libertadores nem de caudilhos, tudo tem que cumprir certos preceitos,
designadamente o da legalidade interna e a da aceitação internacional.
Acontece que o
governo da Catalunha foi longe de mais e no dia 1 de Outubro avançou para um
pseudo-referendo e inventou algumas centenas de feridos resultantes da
violência policial castelhana. Só acreditou quem quis, mas a escalada da tensão
entre Madrid e Barcelona acentuou-se. No dia 27 de Outubro, um grupo de 70 dos
135 deputados do Parlamento da Catalunha votou a Declaração Unilateral de
Independência. Ninguém a reconheceu externamente. A resposta de Madrid foi dura
ao anular aquela declaração, demitir o governo e suspender a autonomia catalã.
Alguns responsáveis políticos foram presos, mas Carles Puigdemont está ausente em
Bruxelas, numa atitude de grande cobardia e, eventualmente, de traição à causa
catalã. Entretanto, a imprensa catalã colocou-se abertamente contra a repressão
das autoridades de Madrid e tem-se mobilizado na defesa da autonomia e dos
governantes catalães e, na sua edição de hoje, o diário catalão EL
Punt Avui publica o cartaz que exige a libertação dos presos políticos.
Como aqui
escrevemos no dia 29 de Setembro a “aspiração independentista catalã vai provavelmente sair
reforçada deste processo, mas vai exigir que no futuro seja conduzida por gente
mais capaz que os Puigdemont e os Oriol Junqueras”.
Reflexão de um ingénuo: Será tão complicado ouvir a voz da população, com eleições livremente aceites e aceite o resultado qualquer que ele seja? Quem tem medo delas?
ResponderEliminarA teimosia arrogante e centralista de um lado e o voluntarismo extremista do outro não têm ajudado nada. Ambos julgarão que o tempo joga a seu favor?
Deixar-se-á que a razão da força se imponha à força da razão?