Em meados do
corrente ano, o governo de Moçambique adquiriu 18 viaturas Mercedes-Benz para
atribuir a deputados da Assembleia da República, que custaram cerca de três
milhões e quinhentos mil euros e essa decisão provocou polémica e muita
indignação, porque o país atravessa uma grande crise financeira, tem grandes
manchas de pobreza e tem adoptado medidas de austeridade muito severas. O
semanário Savana que se publica em Maputo associou-se a essa indignação
e, na sua última edição, destaca que “há Mercedes a mais na Pérola do Índico”.
A imprensa moçambicana
tem criticado os excessos de despesa com a compra de viaturas e tem salientado as
muitas as carências básicas do país, aludindo à falta de medicamentos nos
hospitais, à necessidade de carteiras escolares, à falta de papel e de
tinteiros nas repartições públicas e à precaridade dos transportes públicos que
transporta os passageiros em condições desumanas. A crítica à actuação
governamental também se tem centrado na execução do Programa Estratégico para a
Redução da Pobreza Urbana que recebe uma verba semelhante à que foi afectada à
aquisição de viaturas.
Agora, indiferente
a uma generalizada indignação que nascera com a aquisição dos 18 Mercedes-Benz destinados a deputados, o
governo moçambicano decidiu comprar mais 45 viaturas de luxo para dirigentes do
Estado, em que abundam os Mercedes-Benz e os Toyota Land Cruisers, tendo a
respectiva factura atingido um milhão e seiscentos mil euros.
É um escândalo nacional esta febre pelos bons carros. O Presidente da
República, Filipe Nyusi, não tem deixado de criticar o despesismo da
administração pública moçambicana, sobretudo em relação à aquisição de viaturas
e à mentalidade de alguns dirigentes que não abdicam de viatura para a cidade e
viatura para o campo. Onde terão aprendido estas vaidades os dirigentes moçambicanos?
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