Tal como acontece
com muitas cidades espanholas, Valência é um museu a céu aberto e essa
realidade é perceptível sobretudo na área da moderna Cidade das Artes e das Ciências,
onde se destaca a inconfundível obra do arquitecto valenciano Santiago
Calatrava e, em especial, o Museu das Ciências Principe Felipe.
Foi exactamente
nos espaços adjacentes ao lago artificial do museu que no passado Verão esteve
patente ao público uma exposição de seis monumentais cabeças de grandes
dimensões do escultor Manolo Valdés, um artista também valenciano de grande
cotação internacional, que vive em Nova Iorque. Nessa altura, a presidente da
Fundação Hortensia Herrero decidiu doar à cidade uma das seis obras expostas a
escolher por votação popular dos valencianos. Os votantes escolheram La Pamela, uma escultura de grandes
dimensões que representa uma cabeça de mulher com um chapéu, pela qual a
instituição-mecenas pagará 1,7 milhões de euros. Ontem a obra foi desmontada e
cuidadosamente embalada, a fim de ser transportada e instalada na Marina de
Valência, onde ficará frente ao mar.
O diário Levante
deu hoje grande destaque à operação de desmontagem de La Pamela e ao início da operação que vai enriquecer o património
arquitectónico e artístico da cidade de Valência. Esta iniciativa mecenática valenciana
é exemplar e bom seria que pudesse contagiar alguns agentes económicos
portugueses para iniciativas semelhantes, mas sujeitos a critérios de qualidade, até para
contrabalançar a obscura política autárquica de encomenda de mamarachos que têm
decorado as rotundas das nossas cidades.
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