As relações entre o futebol e a política portuguesa são muito
íntimas, mas são indesejáveis e muito perigosas. Quando vemos as tribunas dos
estádios sempre recheadas de políticos e sabemos que, todos os anos, os
presidentes dos grandes clubes de futebol se encontram em jantares com os
deputados afectos aos seus clubes, como hoje destaca o jornal i, não podemos
deixar de nos preocupar.
Esta intimidade nada tem a ver com o gosto pelo espectáculo
do futebol que é fantástico dentro das chamadas quatro linhas. Eu gosto de ver
o Real Madrid e o Barcelona, o Manchester United e o Chelsea, o Mónaco e o PSG,
mas não me interessam os longos e indigestos serões televisivos portugueses em
que os chamados comentadores gritam, insinuam e acusam, revelando por vezes
muita falta de educação e, sobretudo, a autêntica degradação que essa gente está a fazer desse fenómeno popular que é o futebol.
Os políticos podiam e deviam distanciar-se desta barafunda,
mas perdem-se na sua ganância de aparecerem e ser vistos para ganharem
notoriedade e votos. A aliança entre a televisão e o futebol favorece-os e
permite-lhes estabelecer relações íntimas com esse estranho mundo do futebol
que já não é um desporto, mas uma manta de interesses, em que domina o dinheiro
e, provavelmente, a corrupção. Os deputados deviam ser o exemplo das virtudes e dos
valores dos portugueses, mas quando se juntam ao mundo do futebol, ficam
sujeitos ao ditado popular: diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és.
Os deputados são eleitos em nome de um partido e,
portanto, têm o compromisso de defender o seu ideário político que,
naturalmente, visa a defesa da soberania nacional, o progresso económico e
social, a administração da justiça, a preservação do ambiente e da paisagem,
além de muitas outras linhas programáticas. Por isso, integram as listas dos
partidos para defender os programas dos seus partidos. Os eleitores escolhem o
ideário de um partido e não escolhem deputados do SLB, do SCP ou do FCP. Quando
estes mesmos deputados se coligam futebolisticamente não estão a dar resposta
aos eleitores que neles votaram, porque o seu envolvimento no estranho mundo do
futebol os descredibiliza e desautoriza. Os deputados não se devem envolver com o futebol. Aprendam: ao futebol o que é do futebol e à política o que é da política.
Jantares de deputados com os donos da bola? Não, obrigado!
Jantares de deputados com os donos da bola? Não, obrigado!
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