Nos últimos anos
o futebol invadiu de forma desproporcionada o espaço mediático e, portanto, também
o nosso espaço público e a nossa vida. O futebol parece ter sido colocado no
centro da vida dos portugueses e há muita gente, aparentemente respeitável, que
embarca nesta loucura da futebolite. O futebol transformou-se numa arena onde
se digladiam todas as perversidades e frustrações da nossa sociedade, como
podemos ver todos os dias nas televisões, enxameadas por dezenas de
comentadores, quase sempre numa postura de radicalismo clubista, que até podem
criar a ideia de que o futebol é a coisa mais importante da vida. Já não há
paciência para ouvir as constantes conferências de imprensa dos treinadores, as
judiciosas opiniões dos árbitros sobre os casos do jogo ou a grosseira
incontinência verbal de certos dirigentes. A continuar assim, um dia o futebol acaba e ninguém
tem conseguido travar este degradante movimento que constitui um verdadeiro
retrocesso civilizacional.
Porém, ainda há
quem pense que essa é a face mais obscura do fenómeno futebolístico, porque do
outro lado há a festa, a alegria, o espectáculo desportivo, a incerteza quanto
ao resultado, os grandes golos e as grandes defesas.
Porém, também
essa face nos desilude cada vez mais. Nas 16 equipas em prova na Liga dos Campeões
não há qualquer equipa portuguesa, mas na chamada segunda linha das competições
europeias, que é a Liga Europa, havia quatro equipas portuguesas. Até ontem,
porque as equipas do Braga, Sporting, Porto e Benfica foram eliminadas. Foi um
naufrágio completo. O jornal A Bola diz hoje que o nosso futebol é
um Portugal dos pequenitos. De facto,
com tanto tempo e tanta gritaria dedicados ao futebol, não era previsível que
acontecesse este naufrágio ou, então, essa gente do futebol anda-nos a vender
gato por lebre e não nos diz a verdade, ou seja, que o nosso futebol que era a
alegria do povo, está agora irremediavelmente de rastos.
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