A guerra civil da
Síria que começou em 2011 e que por várias vezes tem estado próximo do fim, parece
ter recomeçado agora com grande intensidade. A província e a cidade de Idlib,
no noroeste do país e junto da fronteira turca, estavam ocupadas desde o início
da guerra pelas milícias anti-Assad e aí se situava a sede do governo de
salvação síria.
Com o forte
envolvimento militar russo, o regime de Bashar al-Assad recuperou o controlo
sobre a maior parte do território sírio, mas Idlib continua nas mãos dos
rebeldes, onde têm o apoio turco. Idlib representa, por isso, o ponto de maior
conflitualidade entre as duas partes e entre os seus aliados russos e turcos.
Em 2018 os russos
e os turcos entendiam-se bem e até negociaram o fornecimento de sistemas de mísseis
S-400, o que deixou a NATO e os Estados Unidos muito preocupados. Nessa altura,
os russos aceitaram que fossem instalados doze postos de observação turcos em
Idlib, os quais já foram provocados várias vezes pelas tropas sírias. Até que,
anteontem, um ataque aéreo sírio provocou a morte de 33 soldados turcos, para além de ter causado 36 feridos, numa aparente tentativa síria de recuperar o controlo sobre o
reduto rebelde de Idlib. Na madrugada de ontem a Turquia retaliou e bombardeou
algumas posições sírias naquela região.
A Turquia exige
que os sírios se afastem dos postos de observação turcos e a Rússia acusa os
turcos de ajudarem terroristas. Entretanto, milhares de pessoas fugiram das
suas casas e Recep Tayyip Erdogan pediu uma reunião
extraordinária do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Na
imprensa turca, cujos títulos podem ser decifrados com a ajuda do amigo Google,
são publicadas as fotografias dos 33 heróis-mártires de Idlib e é anunciado que foram destruídas
as posições de Assad, isto é, prepara-se a população para novos e mais
perigosos episódios desta já tão longa guerra, pois já há heróis, mártires e vitórias no terreno.
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