Hoje é Dia de
Natal e, apesar de todas as contingências sanitárias por que estamos a passar,
as famílias encontram-se e confraternizam em circunstâncias diversas, consoante
as suas tradições religiosas ou pagãs, ou conforme as práticas mais
tradicionais das suas comunidades. No pequeno Portugal de dez milhões de
habitantes há uma enorme diversidade de práticas natalícias que vão desde as
ceias com bacalhau ou com polvo, até aos almoços com assados de perú ou
borrego, ambos acompanhados por uma doçaria abundante e variada, mas esses
rituais incorporam cada vez mais as árvores de Natal e as referências a um Pai
Natal barbudo que vem da gelada Lapónia num trenó puxado por renas. Os
católicos concentram-se nas celebrações da Missa do Galo e entoam canções de Natal,
enquanto a troca simbólica de presentes continua a ser uma marca da época
natalícia, embora cada vez mais viciada pela lógica e pelos apelos consumistas.
Porém, em boa verdade, o Natal já não é o que era, pois vai perdendo o seu
significado simbólico de uma religião universal, estando cada vez mais a
tornar-se numa festividade dedicada ao consumo. Daí que tenha sido adoptado até
nas sociedades não cristãs, em que adquiriu um estatuto de grande festa com as
suas iluminações características e os seus excessos comerciais, mas sem
quaisquer referências ao nascimento de Jesus Cristo.
Para além destes
aspectos mais visíveis em que a sociedade de consumo está a transformar o Natal,
este tempo é sempre de reflexão, de solidariedade, de reencontro, de harmonia e
de paz, sobretudo nas regiões geográficas onde predominam as diferentes formas
do Cristianismo. Neste tempo, reencontramos os nossos familiares e os nossos
amigos, quer presencialmente, quer através dessa maravilha civilizacional que é
o WhatsApp. Trocamos mensagens e
afectos, reconciliamo-nos com o outro e, por vezes, aprendemos que o espírito
de Natal deveria estar presente nas nossas vidas durante o ano inteiro.
Por tudo isto,
aproveito a capa do jornal La Dépêche du Midi para desejar um
Bom Natal quand même aos leitores
deste texto e para os incentivar a manter o espírito natalício nas suas vidas.
Agradeço os votos formulados, retribuo-os e assino por baixo.
ResponderEliminarQue saudades tenho dos tempos de criança, do Menino Jesus, do sapatinho à chaminé! Mas para além do consumismo e dos Pais Natais em que o Natal se transformou, o essencial é que o espírito natalício, do humanismo, da solidariedade, se conserve em nós e nós nos conservemos os mesmos.