A União Europeia
e o Reino Unido, ou Bruxelas e Londres, chegaram a um acordo que, depois de
avanços e recuos, consuma finalmente o Brexit e a decisão de 51,89% do
eleitorado britânico, que escolheu a saída do projecto europeu no referendo de
23 de Junho de 2016. Toda a gente festejou este acordo porque, sem ele, o
futuro estava muito cinzento e o caos económico era mesmo uma ameaça. O acordo
está inscrito em cerca de duas mil páginas que confirmam o fim do período de
transição e o início de uma nova relação económica e social entre o Reino Unido
e a União Europeia. Toda a gente veio dizer que o acordo é justo e equilibrado
e, provavelmente, é. Porém, quando Ursula von der Leyen se referiu a este
acordo com alívio, também afirmou a “doce tristeza da despedida”, porque é a
primeira vez que há uma deserção da União Europeia como hoje salienta o jornal
espanhol La Vanguardia. Nestas coisas há sempre o risco de contágio e se esta deserção tiver outros seguidores, pode abrir-se a
porta à desintegração do projecto europeu.
A concretização
do Brexit ainda vai continuar a perturbar a política e a economia britânicas e,
neste momento, já reabriu a questão escocesa. A Escócia votou por larga maioria
pela permanência do Reino Unido na União Europeia (62%) e a primeira-ministra Nicole
Sturgeon veio de imediato lembrar que o Brexit aconteceu contra a vontade do
povo escocês e afirmar que chegou o tempo da nação escocesa se tornar “uma
nação europeia independente”. A Escócia precisa da autorização de Londres para
realizar um referendo sobre a independência e essa luta vai certamente acentuar-se
nos próximos meses.
Ainda terão que
passar alguns anos para que o Reino Unido possa fazer um balanço dos custos e
benefícios desta saída da União Europeia, mas é muito possível que nessa altura
o Reino Unido já não seja espacialmente o que era.
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