sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

O acordo do Brexit e a luta da Escócia

A União Europeia e o Reino Unido, ou Bruxelas e Londres, chegaram a um acordo que, depois de avanços e recuos, consuma finalmente o Brexit e a decisão de 51,89% do eleitorado britânico, que escolheu a saída do projecto europeu no referendo de 23 de Junho de 2016. Toda a gente festejou este acordo porque, sem ele, o futuro estava muito cinzento e o caos económico era mesmo uma ameaça. O acordo está inscrito em cerca de duas mil páginas que confirmam o fim do período de transição e o início de uma nova relação económica e social entre o Reino Unido e a União Europeia. Toda a gente veio dizer que o acordo é justo e equilibrado e, provavelmente, é. Porém, quando Ursula von der Leyen se referiu a este acordo com alívio, também afirmou a “doce tristeza da despedida”, porque é a primeira vez que há uma deserção da União Europeia como hoje salienta o jornal espanhol La Vanguardia. Nestas coisas há sempre o risco de contágio e se esta deserção tiver outros seguidores, pode abrir-se a porta à desintegração do projecto europeu. 
A concretização do Brexit ainda vai continuar a perturbar a política e a economia britânicas e, neste momento, já reabriu a questão escocesa. A Escócia votou por larga maioria pela permanência do Reino Unido na União Europeia (62%) e a primeira-ministra Nicole Sturgeon veio de imediato lembrar que o Brexit aconteceu contra a vontade do povo escocês e afirmar que chegou o tempo da nação escocesa se tornar “uma nação europeia independente”. A Escócia precisa da autorização de Londres para realizar um referendo sobre a independência e essa luta vai certamente acentuar-se nos próximos meses.
Ainda terão que passar alguns anos para que o Reino Unido possa fazer um balanço dos custos e benefícios desta saída da União Europeia, mas é muito possível que nessa altura o Reino Unido já não seja espacialmente o que era.

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