O grande Brasil,
que por vezes designamos como o país-irmão, está a atravessar uma fase de descrença
e de melancolia que vai para além das marcas da crise global que todo o mundo
atravessa. Naturalmente, a crise sanitária está na primeira linha dessa crise
com mais de 500 mil mortes devido ao covid-19,
mas desde a primeira hora que a liderança brasileira se revelou incapaz de
enfrentar as dificuldades e de transmitir serenidade e esperança ao povo
brasileiro. Pelo contrário, o presidente Jair Bolsonaro tem-se comportado com
demasiada ignorância, muita boçalidade e enorme incompetência. Os seus
índices de popularidade nunca foram tão baixos e as sondagens conduzidas pela
Datafolha apontam para que na primeira volta das eleições de 2022, recolha
apenas 25% das intenções de voto, enquanto Luiz Inácio Lula da Silva, o seu
potencial adversário, já assegura 46% dessas intenções, enquanto numa segunda
volta, qualquer que seja o adversário, o antigo presidente tem larga vantagem.
A mesma sondagem da Datafolha revela que, pela primeira vez desde que começou a
interrogar os brasileiros sobre um eventual processo de impeachment contra Jair Bolsonaro, já há 54% de brasileiros que se
afirma favorável à sua destituição. Não se augura nada de bom nos próximos tempos.
O Brasil
atravessa, de facto, uma crise sanitária e política, mas também uma crise
social e de confiança. A final da Copa América, disputada esta madrugada no Rio
de Janeiro entre as equipas de futebol do Brasil e da Argentina, poderia ser um
elemento mobilizador para transmitir uma centelha de entusiasmo ao povo
brasileiro que tanto gosta de futebol. As coisas não correram bem e os
argentinos ganharam por 1-0.
A Argentina
festeja e o Brasil chora. Melhores dias virão para os brasileiros.
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